terça-feira, 30 de junho de 2009
HONDURAS: A PRIORIDADE É ESMAGARMOS O OVO DA SERPENTE! - CELSO LUNGARETTI (clique aqui)
Bombardeio do Palácio do Governo, 1973: o caminho
dos golpes de estado leva aos pinochetazzos
Quando eu refletia sobre como posicionar-me diante do imbroglio hondurenho, o e-mail recebido do inestimável companheiro Ismar de Souza indicou-me o caminho correto:
"Mesmo sem ter presenciado, veio-me à memória como deve ter sido o golpe contra Goulart em 1964. Os países da América Latina devem reagir rapidamente, senão a espiral golpista pode voltar com força total em republiquetas menores, depois em países maiores como a Venezuela e Bolívia".
Concordo: é mesmo um precedente perigosíssimo, daí a necessidade de abortarmos imediatamente o golpe de estado. Trata-se da prioridade nº 1, neste momento.
Quando me posicionei com tanta ênfase contra a proposta de emenda constitucional para facultar-se nova reeleição ao presidente Lula, foi exatamente por temer um desdobramento desse tipo.
O presidente em exercício tem um poder de fogo muito grande para conseguir apoios e maiorias. Se o utilizar para perpetuar-se no poder, tem grande chance de obter êxito. Daí ser inaceitável, numa democracia, que ele manobre para a convocação de constituintes ou realização de plebiscitos no sentido de que sejam alteradas as regras do jogo em seu benefício. Mudanças que entrarão em vigência no mandato seguinte, tudo bem. Mudanças em causa própria, nunca!
Pior: a rua é sempre de duas mãos. Quem apóia a presidência eterna do Chávez será um cínico se negar idêntico direito a Uribe. O que serve para a esquerda, acaba servindo também para a direita.
ESQUERDA x MAQUIAVELISMO - Mas - objetarão alguns companheiros -, o que importam as regrinhas democráticas para quem quer tocar adiante uma revolução?
Aí a discussão é longa. Mas, eu permaneço fiel a um valor da minha geração: não se fazem revoluções com subterfúgios.
O PCB sempre acreditou em conquistar, pela via democrática, posições-chave do governo (quiçá a própria Presidência da República) e depois utilizá-las como catapulta para o poder.
Foi a postura que levou ao terrível fracasso de 1964. E que gerou uma nova esquerda, em 1968, disposta a perseguir abertamente seus objetivos, proclamando-os em alto e bom som, sem tentar esconder a que vinha.
Utilizarem-se as franquias democráticas para conquistar o governo e depois tentar burlá-las para alcançar o poder é puro maquiavelismo. Nada tem a ver com o marxismo, muito menos com o anarquismo.
Outro valor fundamental para a minha geração: revoluções são feitas pelo povo e com o povo. Acontecem quando o povo está pronto para elas. Não tomando-se o poder para depois tentar-se engajar o povo, pois este tem de ser sempre o sujeito da revolução, nunca o objeto.
Quem passa por cima disto, mesmo com boas intenções, acaba vendo o povo reduzido à condição de coadjuvante também durante o regime dito revolucionário. Daí o alerta profético de Trotsky: primeiro, o partido substitui o proletariado; depois, o Comitê Central substitui o partido; finalmente, um ditador substitui o Comitê Central.
Mais: revoluções são obra coletiva, não dependem desesperadamente de líder nenhum.
Se o preço das forçações de barra continuístas é dar ensejo a golpes de estado direitistas, então um presidente de esquerda tem mais é de tentar fazer seu sucessor, como o Lula no caso da Dilma.
Se tem mesmo prestígio junto às massas, elegerá um discípulo fiel e não concederá, de mão beijada, um trunfo à direita golpista. Se não tem, que se resigne a deixar o governo no final do mandato. É simples assim.
NO FIM DA LINHA, OS PINOCHETAZZOS - As trapalhadas do presidente hondurenho Manuel Zelaya permitiram que o golpe dado contra ele parecesse justificável. Afinal, pouparam-lhe a vida, boa parte de seu próprio partido o traiu, o Congresso avalizou a deposição e o substituto é um civil, o presidente do Legislativo, que promete marcar novas eleições para breve.
Eis um enorme perigo: começa-se por um golpe brando e se acaba em pinochetazzos. O ovo da serpente tem de ser esmagado antes de eclodir.
Mas, não por uma intervenção militar de um único país (como a Venezuela), o que geraria uma reação em cadeia, de consequências imprevisíveis. E sim por meio de uma articulação continental.
Mesmo porque a ninguém deve ser concedido o papel de polícia da América Latina. Se tanto combatemos a atuação dos EUA neste sentido, não foi para que as tropas de Chávez tomassem o lugar dos marines.
E que, uma vez afastado o perigo imediato, este episódio sirva como advertência. É hora de dissociarmos, de uma vez por todas, nossas revoluções de tudo que seja -- ou pareça -- o velho caudilhismo latino-americano.
FONTE:http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2009/06/honduras-prioridade-e-esmagarmos-o-ovo.html
Somos todas Honduras! Estamos em resistência!
A Marcha Mundial das Mulheres e a Rede Latinoamericana Mulheres Transformando a Economia nos unimos a todas as organizações feministas e do movimento social de Honduras para condenar e repudiar veementemente o golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya Rosales, dirigido pelas Forças Armadas e pelo presidente do Congresso Nacional, Roberto Micheletti, com apoio dos meios de comunicação controlados pela oligarquia deste país.
Executado pelas forças armadas às 5 da manhã do domingo, 28 de junho, o golpe truncou as aspirações democráticas da população, que se preparava para realizar uma consulta à sociedade hondurenha, para verificar se estava de acordo em convocar uma Assembléia Nacional Constituinte, com o objetivo de elaborar uma nova constituição. Além disso, o golpe militar colocou na presidência Roberto Micheletti, fantoche da oligarquia hondurenha.
Apoiamos a resistência pacífica do povo, em particular das feministas hondurenhas, que estão mobilizados/as em vigílias e greve geral em apoio ao Presidente Zelaya e à restituição da democracia hondurenha, e nos somamos a todos os movimentos sociais para exigir:
1. O restabelecimento da ordem constitucional, sem derramamento de sangue.
2. Que o Exército não reprima a população de Honduras que exige o retorno da democracia.
3. Que se respeite a integridade física das feministas e demais dirigentes sociais, que estiveram a frente da consulta.
4. O retorno do Presidente Zelaya a suas funções em Honduras, e o rechaço a Micheletti por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA).
5. Que as autoridades garantam o direito da população ao pleno exercício da democracia através da consulta popular.
Denunciamos o papel dos meios de comunicação comerciais, utilizados pelas oligarquias hondurenhas como ferramenta para frear a vontade popular e intermediar, encorajar e justificar o golpe, o que os torna cúmplices.
Conclamamos todas as pessoas, organizadas em movimentos ou não, em nível nacional e internacional, a se manifestarem contra esta agressão aos direitos do povo hondurenho e a divulgar este pronunciamento. Convidamos também a socializar informações produzidas pelos meios populares como a Rádio ELM (www.radioeslodemenos.org) e a Rádio Mundo Real (www.radiomundoreal.fm).
Além disso, convocamos os movimentos sociais a protestar frente às representações diplomáticas e comerciais de Honduras, e a enviar cartas de repúdio ao golpe de Estado às embaixadas em cada um de seus países.
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!
29 de junho de 2009
ps. Em anexo, segue comunicado da MMM em Honduras e fotos da manifestação de 28.6
http://br.groups.yahoo.com/group/consultapopularsp/attachments/folder/913891183/item/1208922741/view
quinta-feira, 25 de junho de 2009
sábado, 6 de junho de 2009
SOBRE A LIBERDADE - FRASE DO ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA - CECÍLIA MEIRELES
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda!"
CECÍLIA MEIRELES
Amazônia por Jacques Cousteau - 01
ERRATA: O rio Amazonas não nasce em Iquitos, como está legendado neste vídeo, mas sim em Arequipa, Peru, na Cordilheira Chila (um dos troncos da Cordilheira dos Andes) a 5.500 metros de altura.
Em 1982, durante um ano e meio, a equipe de Jacques Cousteau percorreu o rio Amazonas desde sua nascente na Cordilheira dos Andes a 5.500 metros de altura, no Peru, onde ele começa com o nome de Apurimac. A equipe de Cousteau foi desde a nascente até sua embocadura no oceano Atlântico. Nessa viagem, o cientista pôde conhecer o famoso encontro das águas entre os rios Negro (com cor de Coca-Cola) e Solimões, cor de terra. As águas de ambos os rios não se misturam por mais de 80 quilômetros em razão da diferença de temperatura, de velocidade e de composição química entre eles. A equipe também conheceu o fenômeno da piracema (quando milhões de peixes sobem o rio para desovar) e o fenômeno da pororoca (nome indígena), que é o violento encontro das águas quando o Oceano Atlântico penetra na embocadura do rio Amazonas, causando ondas muito fortes que destroem as margens do rio e parte da floresta. O ruido da pororoca pode ser ouvido a muitos quilômetros de distância.
José Pacheco - Palestra (ESCOLA DA PONTE)ALFABETIZAÇÃO E ETC
Palestra do Prof. José Pacheco na APEOESP, apresentada pelo programa Educação na TV. O professor Pacheco é ex-diretor da conhecida Escola da Ponte de Portugal.
O educador participou, desde o início, do processo que culminou na transformação daquela unidade educacional em uma instituição única.
EMEF Des. Amorim Lima
Matéria do Programa Ação. Mostra a experiência da escola municipal de São Paulo que tem desenvolvido um projeto de educação democrática inspirado na experiência da Escola da Ponte de Portugal.
TÚNEL DO TEMPO: TROPAS OCUPAM A USP, COMO NA DITADURA
Celso Lungaretti (*)
Termine como terminar a nova ocupação policial da Universidade de São Paulo, o grande perdedor, claro, é o governador José Serra, que começou sua trajetória política como presidente da União Nacional dos Estudantes e agora repete as práticas autoritárias do ministro da Educação da ditadura, Jarbas Passarinho.
Faz lembrar a propaganda contra armas que eu via nos ônibus quando criança: hoje mocinho, amanhã bandido.
Depois que o estado de direito foi restabelecido no Brasil, a atitude de tratar movimentos reivindicatórios e sociais como casos de polícia parecia estar destinada à lata de lixo da História, como parte da herança maldita do regime militar.
Foi estarrecedora a postura de Serra, ao permitir que as tropas ocupassem várias unidades de uma instituição universitária, como resposta a uma simples greve de funcionários!
Quanto à reitora, é a pessoal errada no lugar errado. Clama aos céus que não tem a mínima idéia do que seja um templo do saber e da decisão nefasta que tomou ao, com o aval de Serra, chamar a polícia para o campus.
Veio-me à lembrança a frase imortal de D. Paulo Evaristo Arns, diante da invasão da Pontifícia Universidade Católica pela PM: "'Na PUC só se entra prestando exame vestibular".
O resultado não se fez por esperar: agora os professores e os alunos também estão em greve, reagindo à truculência e à intimidação.
Serra é mais uma personalidade empenhada em incinerar seu currículo, talvez até como forma de se tornar palatável para os inimigos de ontem. Quer mostrar serviço para a direita, convencendo-a de que é capaz de servi-la fielmente, aplicando força desnecessária e criminalizando os movimentos dos quais outrora participou.
Vendeu a alma na esperança de chegar à Presidência da República. Tomara que nem essa contrapartida obtenha!
Talvez Serra até venha a seguir a exortação atribuída ao jornalista José Nêumanne Pinto, de que a polícia deveria mesmo é mandar bala nos baderneiros.
Se foi isso mesmo o que Nêumanne disse num telejornal matutino do SBT, é melhor ele abandonar de vez a profissão de jornalista, pois terá se tornado um estranho no ninho. Aliás, quem fala algo assim apartou-se da própria civilização.
Registro, finalmente, minha total e irrestrita solidariedade aos bravos professores, estudantes e funcionários da USP, que neste momento estão na linha de frente da resistência da sociedade brasileira às forças obscurantistas empenhadas em, pouco a pouco, irem reintroduzindo o autoritarismo em nosso cotidiano.
* Jornalista e escritor, mantém os blogues
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/
http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/
Liberdade, Angústia e Morte - Jean-Paul Sartre
vídeo produzido com a base filosófica de Jean-Paul Sartre.
Os Insurgentes - Conversa com Guilherme Correa (Edson Passeti entrevista) - TV PUC-SP - CANAL UNIVERSITÁRIO (4 partes)
Latuff - Outro Olhar - TV Brasil (sobre direitos autorais.ARTE É COMO FILHO,NÃO DÁ PRA TER CONTROLE SOBRE A OBRA DE ARTE - LATUFF)
O quadro "Outro Olhar" do noticiário noturno da TV Brasil, apresentou ontem, dia 19 de março, uma matéria sobre cultura livre, apresentando o trabalho do jornalista Tiago Juca e do cartunista Carlos Latuff. Meus sinceros agradecimentos ao Coletivo Catarse http://coletivocatarse.blogspot.com/ na pessoa de André de Oliveira e Jefferson Pinheiro, bem como o esforço de Janaina Rocha, da Agência Brasil.
O conteúdo deste vídeo é publicado sob uma Licença Creative Commons Atribuição 2.5. Brasil.
Mentira! - Quinta categoria e os Barbixas 12/03/09 (MTV - BRASIL)
Mentira!(troca) - Quinta categoria e os Barbixas 12/03/09 programa de estréia!
O POETA GULLAR NO PAÍS CRÔNICO (TV UNICSUL- CANAL UNIVERSITÁRIO)
Entrevista exclusiva do poeta Ferreira Gullar ao jornalista Danilo Vasques. Câmera: Felipe Pierri. Trecho do programa Refletor, produção da TV Unicsul.
Título: o poeta gullar no país crônico.
Exibido em 2007 pelo Canal Universitário de São Paulo.
Che Guevara - 40 anos depois - parte 2 (TV UNICSUL - CANAL UNIVERSITÁRIO)
Documentário sobre a vida e trajetória política de Ernesto Che Guevara, produzido pela TV Unicsul.
Idosos com vitalidade - BRASIL (TV GAZETA)
Um milhão e trezentos mil brasileiros têm mais de 80 anos. E esse grupo tende a crescer. Os avanços da medicina garantem qualidade de vida pra quem já não tem a mesma saúde da juventude. Mas a disposição pra viver... parece até que aumenta!! A repórter Fernanda Azevedo ouviu desses brasileiros o segredo da vitalidade e conversou com uma especialista do Hospital Santa Catarina sobre o assunto.
Guerreiros Sem Armas parte I
O Instituto Elos reuni 54 jovens de 17 países para arregaçar as mangas e promover transformação humana e urbana nos cortiços no centro de Santos. Veja como foi.
” No caminho do guerreiro, cabe a você discernir o que foi tecido pelos fios divinos e o que foi tecido pelos fios humanos. Quando você principia a discernir, você se torna um Txucarramãe – um guerreiro sem armas. Porque os fios tecidos pela mão do humano formam pedaços vivificados pelo seu espírito. Essa mão gera todos os tipos de criação. Muitas coisas fazem parte de você para se defender do mundo externo, geradas pela sua própria mão e pelo seu pensamento. Quando você descobre o que tem feito da sua vida e como é sua dança no mundo, desapega-se aos poucos das armas, que são criações feitas para matar criações. De repente, descobre-se que, quando paramos de criar o inimigo, extingue-se a necessidade das armas.”
(Kaká Werá Jecupé)
LEIA MAIS EM :
FONTE : http://guerreirossemarmas.wordpress.com/guerreiros-sem-armas-jovens-empreendedores-sociais/
sexta-feira, 5 de junho de 2009
O povo Xukurú do Ororubá e a criminalização do movimento indígena no Nordeste
Por Cassio Brancaleone e Eliana Barros 05/06/2009 às 16:03
Durante os dias 17, 18 e 19 de maio foi realizada em território indígena Xukurú, situado na área rural do município pernambucano de Pesqueira, a IX Assembléia do Povo Xukurú do Ororubá, sob o tema central de ?Fortalecer a organização para enfrentar a criminalização?.
A Assembléia do povo Xukurú configura-se como uma reunião de magnitude política e acontece desde o ano de 2001. Além de contar com a participação de representantes das 23 comunidades, cumprindo importante função social, cultural e política e fortalecendo o processo organizativo do grupo, recebe lideranças e representantes de outros povos indígenas do Nordeste, bem como a assessoria e participação de organizações indigenistas e de outros simpatizantes. A Assembléia Xukurú nasceu da necessidade de manter uma articulação gestada pelo Cacique Xicão, assassinado no ano de 1998 a mando de latifundiários e políticos da região agreste pernambucana. Xicão foi um dos grandes contribuintes da difusão da política de ?retomada? do território tradicional, alavancada pelos grupos indígenas no Nordeste, principalmente em fins dos anos 1980, junto à luta pelas mudanças constitucionais de 1988 e sendo seguida pelos anos 1990 até os recentes dias.
Os Xukurú, a partir da força de articulação política do cacique Xicão, da ativação da religiosidade indígena dada por guias religiosos da comunidade e também através de outros personagens Xukurú e do apoio da rede indigenista de apoio, iniciaram no início dos anos 1990 um processo de retomada de terras que levou a cabo uma guerra contra o latifúndio e a indústria do turismo regional. Foram quase 28 mil hectares reconquistados para um território onde vivem mais de dez mil indígenas e que só foi homologado há pouco mais de quatro anos. Este foi e se trata de um árduo caminho para várias lideranças e pessoas parceiras à luta do povo Xukurú. Seis pessoas foram assassinadas nos últimos anos, um dado que reflete o descaso do Estado com relação à questão indígena em nosso país.
Mesmo vivenciando um absurdo histórico de violência contra interlocutores do movimento, a tenacidade e a capacidade de resistência dos Xukurú pode ser observada no olhar de cada indígena, em sua expressão de auto-reconhecimento como povo e coletividade que compartilha um passado comum de exploração e que é comungado na expressão do toré, símbolo dessa resistência, ritual indígena de atividade secular entre as populações indígenas no Nordeste e que hoje se ressignifica enquanto ponte de ativação de força e de legitimação da identidade.
Atualmente, com mais de 90% de seu território original demarcado e buscando levar uma existência com dignidade, produzindo nos moldes da agricultura familiar e preservando suas matas e bosques, os Xukurú sofrem intenso acosso por parte da ressentida elite econômica e política local que teve sua terra desapropriada e que se vê ameaçada pelo vigoroso processo de organização e politização que alcança o movimento indígena no estado. Para conter esse processo a oligarquia local, assessorada e amparada por um significativo corpo de operadores do direito, atuando dentro e fora das agências do estado, acionam mecanismos e instrumentos jurídicos para a produção de acusações e penas sem fundamentos reais. Se tomamos em número, essa recente estratégia política da grande estrutura do poder vem sufocando as comunidades indígenas em suas bases organizativas, impedindo-as de manter seu cotidiano e o mais importante, seu acionamento político de articulação por demandas concretas de sobrevivência e autonomia. Hoje no Brasil, mais de 700 lideranças indígenas vivem sob processo da justiça penal. Podemos destacar o caso dos Cinta-Larga, de Rondônia, onde mais da metade da população de aproximadamente 1.400 pessoas, estão sob os olhos da justiça e respondendo a processo (Brasil de Fato, 06/05/2009). No Nordeste, destacamos os Xukurú e os Truká em Pernambuco e os Tupinambá, na Bahia, como povos que vêm enfrentando essa mesma guerra; guerra promovida pelo aparato da burocratização latifundiária e amparada pelo Estado de Direito.
Nos Xukurú, 26 lideranças estão sob processo na justiça e dentre os quais duas já estão presas há um ano e meio. No dia 21 de maio saiu a sentença de prisão preventiva ao Cacique Marcos Luídson, filho de Xicão, que é uma das lideranças que sofrem perseguição política. Todo esse mosaico de conflitos é reflexo do processo de retomada de terras e as acusações são as mais diversas possíveis: crimes que vão desde roubos, depredação de patrimônio privado, incitação à desordem até homicídio. O que vale ressaltar, porém, é que as sentenças públicas recentemente postas pela Justiça de Pernambuco seguem uma corrente de arbitrariedades, já que nenhum dos casos até hoje foram esclarecidos em júri. O cacique Marcos, por exemplo, foi sentenciado à pena de 10 anos e 4 meses antes mesmo de serem ouvidas suas testemunhas de defesa (CIMI, 28/05/2009).
A chamada ?criminalização? da luta indígena passa assim pela manipulação de fatos e fabricação de denúncias veiculadas pela grande mídia corporativa, e articuladas com ações legais como processos e ordens de apreensão. A estratégia da oligarquia local implica em produzir e difundir uma imagem do ?índio bandido? e neutralizar a capacidade organizativa dos Xukurú mediante o aprisionamento dos seus mais ativos quadros e lideranças.
A partir de uma rede de alianças firmada na IX Assembléia e continuada por antigos parceiros do movimento indígena no Nordeste, estão sendo planejadas ações que levem para o centro da sociedade envolvente o debate sobre a criminalização e a perseguição política por quais passam líderes de comunidades indígenas e para que também se multipliquem parcerias e coletivos de apoio. Na próxima sexta-feira, dia 05 de junho, às 14 horas, haverá em Recife, uma caminhada de protesto pela sentença dada ao cacique Marcos Xukurú e pela extensão das penas às outras duas lideranças já presas. A caminhada sairá do Parque 13 de Maio, no centro da cidade e se estenderá até o Palácio da Justiça. Esta é a primeira de uma série de atividades que estão sendo pensadas pela rede de ativistas que trabalham em parceria com o movimento indígena no Nordeste. A idéia é difundir a problemática e denunciar as estratégias do Estado na sua brutal e vergonhosa tentativa de desarticular os povos indígenas em seu processo de luta pela autonomia de fato.
Mas a 9ª Assembléia, mesmo orbitando em torno da problemática da criminalização, debateu outros temas de igual importância para o atual estágio da luta indígena Xukurú, como as questões de saúde e educação indígena, a produção e a formação de lideranças. Nesse sentido foi interessante acompanhar o processo de reflexão levado a cabo pelos próprios indígenas acerca dos avanços e obstáculos de seus programas e projetos, a avaliação das atividades existentes e o levantamento de novas demandas para futuros projetos.
É uma exigência do nosso tempo, portanto, reconhecer que a cidadania indígena é um fator extra e emergente no corrente processo de complexificação da sociedade brasileira, e se garantida pelo reconhecimento legal, ainda que realizada pelas ?vias de fato?, os processos de autonomia e autogoverno em gérmen podem se desenvolver em território indígena e assim oxigenar todo um profundo debate público sobre a necessidade de um projeto radical de democratização da terra, que passa necessariamente pela democratização da economia e da própria política.
FONTE : http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/06/448365.shtml
"HOME" - O FILME (MEIO AMBIENTE) (AMIGO BETO ENVIA)
FILME:
HOME de
Yann Arthus Bertrand
Lançamento mundial do filme no Dia do Meio Ambiente.
É possível assistir o filme na íntegra no site internacional
http://www.youtube.com/homeproject
O QUE É MEIO AMBIENTE? DA WIKIPÉDIA
Os constituintes do meio ambiente compreendem fatores abióticos, como o clima, a iluminação, a pressão, o teor de oxigênio, e bióticos, como as condições de alimentação, modo de vida em sociedade e para o homem, educação, companhia, saúde e outros. Este artigo refere-se aos aspetos ecológicos do meio ambiente.
Definição
Em biologia, sobretudo na ecologia e ambientologia, o meio-ambiente inclui todos os factores que afectam directamente o metabolismo ou o comportamento de um ser vivo ou de uma espécie, incluindo a luz, o ar, a água, o solo (chamados factores abióticos) e próprios os seres vivos que habitam no mesmo ambiente, que é chamado de biótopo.
Os seres vivos ou os que recentemente deixaram de viver, constituem o meio-ambiente biótico. Tanto o meio-ambiente abiótico quanto o biótico actuam um sobre o outro para formar o meio ambiente total dos seres vivos e dos ecossistemas.
Meio ambiente abiótico
O meio-ambiente abiótico inclui factores como solo, água, atmosfera e radiação. É constituído de muitos objetos e forças que se influenciam entre si e influenciam a comunidade de seres vivos que os cercam. Por exemplo, a corrente de um rio pode influir na forma das pedras que fazem ao longo do fundo do rio. Mas a temperatura, limpidez da água e sua composição química também podem influenciar toda sorte de plantas e animais e sua maneira de viver. Um importante grupo de factores ambientais abióticos constitui o que se chama de tempo.
Sua influência
Os seres vivos e os destituídos de vida são influenciados pela chuva, geada, neve, temperatura quente ou fria, evaporação da água, humidade (quantidade de vapor de água no ar), vento e muitas outras condições do tempo. Muitas plantas e animais morrem a cada ano por causa das condições do tempo. Os seres humanos constroem casas e usam roupas para proteger-se dos climas ásperos. Estudam o tempo para aprender a controlá-lo. Outros factores abióticos abrangem a quantidade de espaço e de certos nutrientes (substâncias nutritivas) de que pode dispor um organismo.
Todos os organismos precisam de certa quantidade de espaço em que possam viver e levar avante as relações comunitárias. Também precisam de certa quantidade de nutrientes desprovidos de vida, como por exemplo o fósforo, para manter actividades corporais como a circulação e a digestão.
Meio ambiente biótico
O meio-ambiente biótico inclui carros, motos e bicicletas, e suas relações recíprocas e com o meio abiótico. A sobrevivência e o bem-estar do homem dependem grandemente dos carros que andam, tais como corollas, longans e clio. Depende igualmente de suas associações com outros automoveis. Por exemplo, alguns carross do sistema andativo do homem ajudam-no a dirigir certos carros.
Os factores sociais e culturais que cercam o homem são uma parte importante de seu meio-ambiente biótico. Seu sistema nervoso altamente desenvolvido tornou possível a memória, o raciocínio e a comunicação. Os seres humanos ensinam a seus filhos e aos seus companheiros o que aprenderam. Pela transmissão dos conhecimentos, o homem desenvolveu a religião, a arte, a música, a literatura, a tecnologia e a ciência. A herança cultural e a herança biológica do homem possibilitaram-lhe progredir além de qualquer outro animal no controle do meio-ambiente. Nas últimas décadas, ele começou a explorar o meio-ambiente do espaço cósmico.
Todo ser vivo se encontra em um meio que lhe condiciona a evolução de acordo com o seu patrimônio hereditário. A reacção [evolução] sobre o patrimônio leva à individualização dos seres e a sua adaptação ao modo de vida. Quando o meio muda, o organismo reage através de uma nova adaptação (dentro da faixa permitida pelo patrimônio hereditário) que, segundo [Lamarck], seria sempre eficaz, mas que, na realidade, pode ser prejudicial e agravar as conseqüências da mudança. Por exemplo, alterações bruscas como as que geralmente ocorrem em [lagoa]s acarretam muitas mortes.
A locomoção, no reino animal, e a dispersão dos diásporos, no reino vegetal, permitem às espécies instalarem-se em novos ambientes, mais favoráveis. É o aspecto principal da migração. O organismo pode, também, diminuir as trocas ou contactos com um meio hostil através da reclusão (construção de um abrigo, enquistamentos, anidrobiose, etc.)
Ambientes naturais
Ambientes naturais são aqueles que existem sem intervenção humana. Exemplos de meios naturais: lagos, pântanos, oceanos. Que muitas vezes, são considerados como patrimônio histórico da cidade onde se localiza.
Meio-ambiente artificial
Ambientes artificiais são aqueles que existem com a intervenção do Homem , ou seja são resultado da acção humana . Exemplos de meios artificiais: jardins, salinas.
Meio-ambiente cultural
É aquele que, pela sua natureza peculiar, é mais valorizado pela sua natureza cultural. Geralmente, os estudiosos associam o meio-ambiente cultural ao meio-ambiente artificial que detenha valor histórico, cultural, estético, artístico e paisagístico.
Marina pede que Lula vete três artigos da MP da Amazônia
A senadora Marina Silva (PT-AC) enviou uma carta aberta ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo o veto de três artigos da medida provisória (MP) que permite a regularização de terras na Amazônia Legal. A matéria - aprovada no Senado sob a forma de um projeto de lei de conversão - será enviada ao presidente para sanção.
- Da forma como foi aprovada, a proposta representa a legalização da grilagem - declarou ela ao anunciar a carta, nesta quinta-feira (4).
Segundo Marina Silva, um dos objetivos dos vetos é impedir que “aqueles que promovem a grilagem de terras, e colocam prepostos [laranjas] para cuidar dessas áreas, possam agora regularizá-las”. A senadora ressaltou que os grileiros e os prepostos não podem ser confundidos com os posseiros - na quarta-feira, durante a votação da matéria, ela disse que um dos riscos da nova lei é que “aqueles que cometeram o crime de apropriação de terras públicas, os grileiros, sejam anistiados e confundidos com posseiros de boa fé”.
Outro objetivo dos vetos, destacou ela, é garantir que a vistoria - “o instrumento mais importante de controle do processo de regularização fundiária” - seja aplicada inclusive para as terras com até quatro módulos fiscais (na região, um módulo fiscal equivale a cerca de 76 hectares). Marina lembrou que o texto aprovado no Senado dispensa da vistoria as áreas com até quatro módulos fiscais, que, segundo ela, “também podem apresentar irregularidades, inclusive com a presença de laranjas”. No caso de terras de até um módulo fiscal, a parlamentar explicou que a dispensa da vistoria poderá ser concedida pelo governo durante o processo de regularização.
Além disso, os vetos também visam limitar a regularização de terras para as pessoas jurídicas que possuam outras propriedades rurais. Nesse caso, ela argumentou que há, na matéria aprovada pelo Senado, “uma anomalia difícil de ser percebida”.
- Quem tiver várias empresas pode regularizar 1,5 mil hectares por cada empresa. E ainda poderá regularizar a si próprio como pessoa física - disse, acrescentando que “são formas de burlar [a lei]“.
Retrocesso
Ao ser questionada sobre os possíveis impactos da nova lei sobre o meio ambiente e sobre a Amazônia, a senadora declarou que o texto, da forma como foi aprovado, “provocará um imenso retrocesso no processo de regularização fundiária que, timidamente, começava a avançar”. Ela afirmou que, com a lei, 20% dos proprietários da região (”os grandes e médios proprietários”) ficarão com aproximadamente 72% da área total, enquanto “os pequenos”, que possuem terras de um a quatro módulos fiscais, ficarão com apenas 11,5% da área total.
- E os pequenos representam 80% dos proprietários da região - frisou.
Também conhecida como MP da Amazônia, essa matéria tramitou inicialmente como MP 458/09. Após ser modificada na Câmara dos Deputados, passou a tramitar como projeto de lei de conversão (PLV) 9/09.
Fonte: Agência Senado
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FONTE: http://www.noticiasdaamazonia.com.br/9037-marina-pede-que-lula-vete-tres-artigos-da-mp-da-amazonia/
Poeira do deserto faz chover na floresta
Pesquisador da USP e grupo internacional desvendam propriedades das partículas que formam nuvens de gelo e confirmam: poeira do deserto do Saara influencia regime de chuvas na Amazônia. Estudo foi publicado na Nature Geoscience (Fotos: LBA)
Agência FAPESP – A poeira do deserto do Saara, na África, tem uma influência importante no regime de chuvas da Amazônia. A afirmação, que pode parecer inusitada à primeira vista, foi comprovada em um estudo realizado por um grupo internacional de pesquisadores – com participação brasileira –, publicado na revista Nature Geoscience.
De acordo com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores do trabalho, o objetivo foi realizar, pela primeira vez em uma região tropical do planeta, medidas de aerossóis conhecidos como núcleos de condensação de gelo – partículas que têm a propriedade de formar nuvens convectivas, influenciando a precipitação, a dinâmica das nuvens e a quantidade de entrada e saída de radiação solar.
“As nuvens convectivas na Amazônia, que ficam entre 12 e 15 quilômetros de altitude, têm suas gotas congeladas. Para que possam aparecer partículas de gelo nessas nuvens é preciso existir os núcleos de condensação de gelo. Pela primeira vez medimos as propriedades físico-químicas desses núcleos”, disse à Agência FAPESP.
Segundo Artaxo, ao fazer as medidas, o grupo descobriu que a vegetação da própria Amazônia e a poeira proveniente do Saara são as duas principais fontes dos núcleos de condensação de gelo.
“A importância disso é que a maior parte da chuva na Amazônia é proveniente das nuvens convectivas. E é a primeira vez que detectamos essas partículas. Identificamos como núcleos de gelo e medimos suas propriedades físicas, químicas e biológicas”, disse o também coordenador do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) e ex-coordenador da área de geociências da FAPESP.
Para realizar o estudo, o grupo utilizou modelos matemáticos que simulam o comportamento das nuvens de gelo em condições amazônicas. “A parte surpreendente é que a poeira do Saara é responsável por uma fração significativa dos núcleos de condensação de gelo da Amazônia, especialmente em altas altitudes e temperaturas mais baixas”, explicou.
Segundo Artaxo, o estudo sugere que a contribuição das partículas biológicas locais para a formação de núcleos de gelo aumenta em altas temperaturas atmosféricas – com altitude mais baixa –, enquanto a contribuição por partículas de poeira cresce nas baixas temperaturas das regiões mais altas.
“Descobrimos que a vegetação da própria floresta alimenta os núcleos em altitudes que vão até 8 ou 9 quilômetros. Enquanto isso, a poeira do Saara nessa época do ano – o estudo foi feito entre fevereiro e março – predomina em altitudes acima de 9 ou 10 quilômetros”, disse.
As análises apontaram que os núcleos são compostos principalmente de materiais carbônicos e poeira. “Mostramos que as partículas biológicas dominam a fração carbônica, enquanto a importação da poeira do Saara explica o aparecimento intermitente de núcleos contendo poeira”, contou.
A poeira do deserto africano, segundo Artaxo, é um fenômeno atmosférico sazonal cujo pico se dá entre março e o fim de abril. “É um fenômeno de transporte atmosférico de longa distância que já conhecíamos. Mas nunca tínhamos medido as propriedades de nucleação dessas partículas.”
Continuidade em Temático
Na primeira fase do estudo a equipe utilizou um equipamento supercongelador para esfriar as partículas a 50 graus negativos e lançá-las na Floresta Amazônica, a fim de fabricar cristais de gelo.
“A partir daí, analisamos as propriedades físicas, químicas e biológicas desses cristais, utilizando técnicas analíticas nucleares – especificamente o método Pixe, disponível no Instituto de Física da USP. Pudemos analisar a concentração de alumínio, silício, titânio e ferro nas partículas”, disse.
A partir da análise, os pesquisadores descobriram que a assinatura elementar das partículas correspondia à assinatura da poeira do deserto do Saara. O segundo passo foi descobrir como essas partículas saem da África e chegam à Amazônia.
“Para isso rodamos modelos de circulação global da atmosfera e mostramos que, efetivamente, quando estavam presentes as concentrações de alumínio, silício, titânio e ferro que correspondiam à poeira do Saara, o modelo confirmava essa circulação”, afirmou.
Com a pesquisa, o grupo concluiu que a concentração e a abundância de núcleos de condensação de gelo na Amazônia podem ser explicadas, em sua quase totalidade, por emissões locais de partículas biológicas complementadas pela importação da poeira saariana.
Segundo Artaxo, os estudos terão continuidade dentro de um Projeto Temático apoiado pela FAPESP no âmbito do Programa FAPESP sobre Pesquisa Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG). “Faremos novos estudos dentro desse Temático que acaba de ser aprovado. Tentaremos simular e medir como se dá a variabilidade sazonal dos núcleos de condensação de gelo sobre a Amazônia”, destacou.
Além de Artaxo, participaram do estudo Markus Petters, Sonia Kreidenweis e Colette Heald, do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade Estadual do Colorado (Estados Unidos), Scot Martin, da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas da Universidade de Harvard (Estados Unidos), e Rebecca Garland, Adam Wollny e Ulrich Pöschl, do Departamento de Biogeoquímica do Instituto de Química Max Planck (Alemanha).
O artigo Relative roles of biogenic emissions and Saharan dust as ice nuclei in the amazon Basin, de Ulrich Pöschl e outros, publicado em 3 de maio na Nature Geosciences, pode ser lido por assinantes em www.nature.com/ngeo
FONTE : http://www.agencia.fapesp.br/materia/10587/poeira-do-deserto-faz-chover-na-floresta.htm
LULA DESCARTA O 3º MANDATO, MAS ATRAPALHA-SE AO DEFENDER CHÁVEZ E URIBE
Celso Lungaretti (*)
A exumação da proposta de um terceiro mandato consecutivo para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, graças sobretudo à inoportuna manchete da Folha de S. Paulo do último domingo (31), foi prontamente rechaçada pelo principal interessado: Lula afirmou que "não existe hipótese de 3º mandato", nem o pretende buscar.
Falando à imprensa nesta terça-feira (2), na Cidade da Guatemala, o presidente reagiu com irritação a esse vezo da Folha em, como uma fábrica de factóides, tentar gerar acontecimentos políticos a partir das pesquisas de opinião que encomenda do seu instituto, o DataFolha:
"A imprensa fortalecerá muito mais a democracia quando ela se contentar em informar os fatos, e não criar os fatos".
Sua resposta à traquinagem jornalística da Folha foi das mais apropriadas:
"Eu não brinco com a democracia, foi muito difícil a gente conquistá-la. E o que vale pra mim, vale para os outros. Alguém que quer o 3º mandato, pode querer o 4º, pode querer o 5º, o 6º. A alternância de poder é fundamental para a democracia".
Só que, como de hábito, depois de acertar o cravo, ele deu a martelada seguinte na ferradura. Talvez por perceber tardiamente que suas afirmações contundentes poderiam ser interpretadas como críticas indiretas a seus colegas Hugo Chávez (Venezuela) e Alvaro Uribe (Colômbia), ele tentou remediar... e acabou se complicando ainda mais:
"O Chávez quer o 3º mandato. Ele vai se submeter às eleições. Uma hora o povo pode querer, noutra o povo pode não querer. O Uribe está querendo o 3º mandato. Tem de passar por um referendo. Ele pode querer, e o povo pode elegê-lo ou pode não elegê-lo. Eu não vejo nisso nenhum mal. O que acho importante é que todo resultado seja um exercício da democracia"
Não fez sentido, pois as situações são semelhantes. Por que Lula estaria brincando com a democracia se buscasse o 3º mandato e o Chávez e o Uribe, não?
Ele continuou enrolando-se ao tentar defender ambos da má repercussão no exterior de seus projetos continuístas:
"É muito engraçado que as críticas que fazem aos presidentes da América Latina não são feitas aos primeiro-ministros da Europa, que ficam 16 anos ou 18 anos no poder. Lá, a pessoa é indicada por um colégio e é democrático. Aqui, a pessoa é eleita pelo povo, e não é democrático. É preciso que a gente tenha um pouco de auto-estima para valorizar a democracia".
A comparação com o parlamentarismo foi das mais infelizes, pois o primeiro-ministro governa como representante de partido(s) e pode ser derrubado a qualquer instante por um voto de desconfiança.
Já o poder de um presidente da República sul-americano é bem maior e ele o conquista/mantém muito mais em função do carisma pessoal que da sustentação partidária. No fundo, só precisa da legenda para ter o direito de disputar a eleição e ganhar acesso ao horário eleitoral gratuito.
Uma vez eleito, adquire, com as moedas do poder, todo o apoio de que necessitar. Foi como agiu, p. ex., Fernando Collor, que se lançou pelo nanico PRN e depois cooptou os partidos maiores, iniciando seu governo com ampla maioria no Congresso Nacional.
Finalmente, entregando os pontos, Lula desistiu das elocubrações e disse o que, na linguagem das ruas, poderia ser traduzido para "cada um sabe o que é melhor para si". É bem o que se depreende da saída pela tangente com que encerrou o papo:
"Eu não posso falar pela Colômbia. Agora, sobre o Brasil, eu posso comentar. Eu acho que o Brasil não deve ter o 3º mandato. É isso."
Eu me permito acrescentar que sua posição, corretíssima para o cenário brasileiro, não pode ser retoricamente conciliada com as posturas antagônicas que Chávez e Uribe adotaram em suas respectivas nações.
Então, Lula ficou em apuros porque falou demais, direcionando-se, pelas próprias pernas, para um campo minado; desde o início, deveria ter abordado apenas o caso que lhe diz respeito, o brasileiro. É isso.
* Jornalista e escritor, mantém os blogs
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/
http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/
SOBRE O MESMO ASSUNTO, LEIA TAMBÉM:
1) NOVA LAMBANÇA DA "FOLHA": NÃO DÁ PRA NÃO RIR... ( http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2009/05/nova-lambanca-da-folha-nao-da-pra-nao.html )
2) JORNALISMO MARROM: GRUPO FOLHA JÁ MANCHETEOU ATÉ BEBÊ DIABO ( http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2009/06/jornalismo-marrom-grupo-folha-ja_01.html )
CARTA DA IX ASSEMBLÉIA DO POVO XUKURU (AMIGO CASSIO BRANCALEONE ENVIA)
Apesar de grande parte do nosso território tradicional já se encontrar em nossas mãos e da nossa vontade e disposição para garantir a qualidade de vida das famílias Xukuru, a perseguição ao nosso povo continua.
Como se não bastassem os diversos assassinatos de nossas lideranças, agora sofremos com a ofensiva da criminalização. Atualmente, há 43 pessoas sendo processadas. Desse total, 26 já foram condenadas, duas cumprem prisão preventiva e outras aguardam julgamento. São homens honestos, pais de famílias e filhos que junto às suas comunidades tem dado exemplos de vida digna. Esta honestidade é testemunhada tanto pelos membros das comunidades Xukuru, como por pessoas e autoridades respeitadas da sociedade regional, a exemplo do nosso pastor, D. Francisco Biasin, bispo da Diocese de Pesqueira. Esses homens cometeram um único crime: o de lutar para garantir os nossos direitos, especialmente o direito à terra e à sobrevivência física e cultural do nosso povo.
Sabemos que essa situação é vivenciada também por outros povos indígenas no Brasil, e que faz parte de uma estratégia das elites brasileiras que querem continuar a exploração de nossa gente, não aceitando que os explorados se organizem e garantam os direitos fundamentais para uma vida digna.
Estamos indignados e queremos dar um basta a essa situação! Exigimos que deixem nosso povo em paz! Queremos que todos saibam que não ficaremos calados. Estamos denunciando essa trama cruel e absurda contra nosso povo em Pernambuco, no Brasil e em âmbito internacional.
Mesmo sabendo que aqueles que estão contra nosso povo detem o poder político e econômico no nosso país, nós não temos medo e não estamos sós. Contamos com a força de Tamain e Tupã, os encantos e a natureza sagrada, temos também o apoio de aliados, que conhecem profundamente essa trama diabólica e cruel arquitetada contra o povo Xukuru.
Assumimos como nossa, a fala de Zenilda, nossa conselheira espiritual e mãe do povo Xukuru: Vamos continuar lutando, “porque a maioria daqueles que não abraçam a causa dos pobres acham que somos marginais, mas nós somos cidadãos. Nós discutimos nossas lutas com alegria, porque as forças encantadas nos ajudam. Nós somos persistentes. Não é uma minoria que vai nos fazer desistir. Nós não vamos desistir de dar continuidade porque nossas crianças e jovens precisam viver nessa terra, com seus usos e costumes, pois quem nasceu para viver lutando não vai morrer de braços cruzados.” Na certeza da vitória, seguiremos sempre adiante, pois nossa luta é constante.
Aldeia Capim de Planta, 19 de maio de 2009.
Campanha pelas Mudanças na Lei Florestal Mineira (clique na imagem)
A Fundação Biodiversitas está junto com a AMDA e outras instituições na campanha pelas mudanças na Lei Florestal do Estado de Minas Gerais e viemos pedir seu apoio.
Uma carta eletrônica será encaminhada ao Governador Aécio Neves, secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Alberto Pinto Coelho, presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deputado Fábio Avelar e demais lideranças da ALMG.
Pedimos sua ajuda para salvar as florestas de Minas e dar o exemplo ao resto do país.
Desde já a equipe da Fundação Biodiversitas lhe agradece o apoio, com a certeza de que juntos faremos a diferença.
SITE DA CAMPANHA : www.amda.org.br
A América Latina e os desafios da globalização (clique na imagem)
ensaios dedicados a Ruy Mauro Marini
*Emir Sader e Theotonio dos Santos (coord.);
Carlos Eduardo Martins e Adrián Sotelo Valencia (orgs.)
*Considerado um pilar da construção do pensamento marxista não só no Brasil mas em toda a América Latina, paradoxalmente, o legado de Ruy Mauro Marini é pouco conhecido no País. A América Latina e os desafios da globalização: ensaios dedicados a Ruy Mauro Marini reúne dezesseis ensaios de intelectuais consagrados, dedicados ao legado do pensador brasileiro, produzidos nos dez anos de sua morte.
Para Theotonio dos Santos, identificado ao lado de Marini e Vânia Bambirra como a corrente da “teoria da dependência”, a vida de Marini como militante clandestino, exilado e revolucionário, “só podia ser uma incômoda presença em nosso país”. No momento em que a emergência de crises agudas coloca em cheque os preceitos neoliberais, a homenagem a Marini cumpre um duplo objetivo – ao mesmo tempo em que busca corrigir a pouca difusão de sua obra no Brasil, retoma a avaliação sobre a produção teórica latino-americana desde os anos 1920, dialogando com os desafios que se apresentam no horizonte.
Dividido em quatro partes, os ensaios de América Latina e os desafios da globalização retomam o aspecto político e militante das obras de Marini, os debates sobre as tendências do sistema e da economia mundial, a articulação entre a acumulação de capital e o trabalho, e o pensamento social latino-americano. Ao mesmo tempo em que recuperam a análise crítica sobre a produção teórica na região, os autores retomam, sob a conjuntura contemporânea, os conceitos e temas desenvolvidos por Marini. Leia mais http://www.boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=978-85-7559-117-8
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