domingo, 30 de setembro de 2007

“VEJA” MIRA GUEVARA

E DÁ TIRO NO PÉ

Celso Lungaretti (*)

Os 40 anos da morte de Ernesto Guevara Lynch de la Serna, a se completarem no próximo dia 9, dão ensejo a uma nova temporada de caça ao mito Che Guevara por parte da imprensa reacionária, começando por Veja, que acaba de produzir uma das matérias-de-capa mais tendenciosas de sua trajetória.
"Veja conversou com historiadores, biógrafos, antigos companheiros de Che na guerrilha e no governo cubano na tentativa de entender como o rosto de um apologista da violência, voluntarioso e autoritário, foi parar no biquíni de Gisele Bündchen, no braço de Maradona, na barriga de Mike Tyson, em pôsteres e camisetas”, afirma a revista, numa admissão involuntária de que não praticou jornalismo, mas, tão-somente, produziu uma peça de propaganda anticomunista, mais apropriada para os tempos da guerra fria do que para a época atual, quando já se pode olhar de forma desapaixonada e analítica para os acontecimentos dos anos de chumbo.
Não houve, em momento algum, a intenção de se fazer justiça ao homem e dimensionar o mito. A avaliação negativa precedeu e orientou a garimpagem dos elementos comprobatórios. Tratou-se apenas de coletar, em todo o planeta, quaisquer informações, boatos, deturpações, afirmações invejosas, difamações, calúnias e frases soltas que pudessem ser utilizadas na montagem de uma furibunda catalinária contra o personagem histórico Ernesto Guevara, com o propósito assumido de se demonstrar que o mito Che Guevara seria uma farsa.
Assim, por exemplo, a Veja faz um verdadeiro contorcionismo retórico para tentar tornar crível que, ao ser preso, o comandante guerrilheiro teria dito: "Não disparem. Sou Che. Valho mais vivo do que morto". Ora, uma frase tão discrepante de tudo que se conhece sobre a personalidade de Guevara jamais poderá ser levada a sério tendo como única fonte a palavra de quem posou como seu captor, um capitão do Exército boliviano (na verdade, eram oficiais estadunidenses que comandavam a caçada).
É tão inverossímil e pouco confiável quanto a “sei quando perco” atribuída a Carlos Lamarca, também capturado com vida e abatido como um animal pelas forças repressivas.
E são simplesmente risíveis as lágrimas de crocodilo que a Veja derrama sobre o túmulo dos “49 jovens inexperientes recrutas que faziam o serviço militar obrigatório na Bolívia” e morreram perseguindo os guerrilheiros. Além de combater um inimigo que tinha esmagadora superioridade de forças e incluía combatentes de elite da maior potência militar do planeta, Guevara ainda deveria ordenar a seus comandados que fizessem uma cuidadosa triagem dos alvos, só disparando contra oficiais...
É o mesmo raciocínio tortuoso que a extrema-direita utiliza para tentar fazer crer que a morte de seus dois únicos e involuntários mártires (Mário Kozel Filho e Alberto Mendes Jr.) tenha tanto peso quanto a de quatro centenas de idealistas que arriscaram conscientemente a vida e a liberdade na resistência à tirania, confrontando a ditadura mais brutal que o Brasil conheceu.
Típica também – e não por acaso -- da retórica das viúvas da ditadura é esta afirmação da Veja sobre o legado de Guevara: “No rastro de suas concepções de revolução pela revolução, a América Latina foi lançada em um banho de sangue e uma onda de destruição ainda não inteiramente avaliada e, pior, não totalmente assentada. O mito em torno de Che constitui-se numa muralha que impediu até agora a correta observação de alguns dos mais desastrosos eventos da história contemporânea das Américas”.
Assim, a onda revolucionária que se avolumou na América Latina durante as décadas de 1960 e 1970 teria como causa “as concepções de revolução pela revolução” de Guevara e não a miséria, a degradação e o despotismo a que eram submetidos seus povos. E a responsabilidade pelos banhos de sangue com que as várias ditaduras sufocaram anseios de liberdade e justiça social caberia às vítimas, não aos carrascos.
É o que a propaganda enganosa dos sites fascistas martela dia e noite, tentando desmentir o veredicto definitivo da História sobre os Médicis e Pinochets que protagonizaram “alguns dos mais desastrosos eventos da história contemporânea das Américas”.
Não existe muralha nenhuma impedindo a correta observação desses episódios, tanto que ela já foi feita pelos historiadores mais conceituados e por braços do Estado brasileiro como as comissões de Anistia e de Mortos e Desaparecidos Políticos. Há, isto sim, a relutância dos verdugos, de seus cúmplices e de seus seguidores, em aceitarem a verdade histórica indiscutível.
E a matéria-de-capa da Veja não passa de mais um exercício do jus esperneandi a que se entregam os que têm esqueletos no armário e os que anseiam por uma recaída totalitária, com os eventos desastrosos e os banhos de sangue correspondentes.
* Celso Lungaretti é jornalista, escritor e ex-preso político. Mais artigos em :

http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com

sábado, 29 de setembro de 2007

O MURO

muro,mural,muralha,
metralhadas,paredão,
colado,cartaz,amasso,
medo,cemitério,escuridão,
pichação,arte...
o muro de Sartre,beco sem saída,
selvagem limite,limiar da esquina,
o de Berlim,Supla,garota de Berlim,
Nina Hagen,spray na calada da noite,
xxiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii,
abaixo!...(alguma coisa),
fora!...(não sei quem),

suporte pra belos graffites!
mijadas fósseis de homens e cães,
mau cheiro,imundice,
o muro do sonho era bambo,
ia cair se eu continuasse

agarrada a ele,
dentro,fora,em cima,em baixo,

esquerda,direita,
gatos,equilibristas,

flutuam em cima dos muros,
alienação,nação,incertezas,
cães em baixo,gatos em cima,
gatunos,fugitivos, escalando,
arames farpados,cacos de vidro,
no topo de um muro extenso,
bambo,alto,inseguro,áspero,
cinza,separava nada de lugar algum,
muro só é bom pra pichar,
desci,pisei o chão,caminhei segura,
mas numa rua muito estreita,
e com muitas coisas pra carregar,
ficar em cima do muro,

seria impossível.

Nadia Stabile - 29/09/07
"Vergonha de

ser Brasileiro"

AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA
(Poema escrito a quase duas décadas)

(Projeto de Constituição atribuído a Capistrano de Abreu:

"Art. 1º - Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.
Parágrafo único: Revogam-se as disposições em contrário")

Que vergonha, meu Deus! ser brasileiro
e estar crucificado num cruzeiro
erguido num monte de corrupção.

Antes nos matavam de porrada e choque
nas celas da subversão. Agora
nos matam de vergonha e fome
exibindo estatísticas na mão

Estão zombando de mim. Não acredito.
Debocham a viva voz e por escrito.
É abrir jornal, lá vem desgosto.
Cada notícia
- é um vídeo-tapa no rosto.

Cada vez é mais difícil ser brasileiro.
Cada vez é mais difícil ser cavalo
desse Exu perverso
- nesse desgovernado terreiro.

Nunca te vi tamanho abuso.
Estou confuso, obtuso,
com a razão em parafuso:
a honestidade saiu de moda,
a honra caiu de uso.

De hora em hora
a coisa piora:
arruinado o passado,
comprometido o presente,
vai-se o futuro à penhora.
Me lembra antiga história
daquele índio Atahualpa
ante Pizarro - o invasor,
enchendo de ouro a balança
com a ilusão de o seduzir
e conquistar seu amor.

Este é um país esquisito:
onde o ministro se demite
negando a demissão
e os discursos são inflados
pelos ventos da inflação.

Valei-nos Santo Cabral
nessa avessa calmaria
em forma de recessão
e na tempestade da fome
ensinai-me
- a navegação.

Este é o país do diz e do desdiz,
onde o dito é desmentido
no mesmo instante em que é dito.
Não há lingüistica e erudito
que apure o sentido inscrito
nesse discurso invertido.

Aqui
o dito é o não-dito
e já ninguém pergunta
se será o Benedito

Aqui
o discurso se trunca:
o sim é não,
o não, talvez,
o talvez,
- nunca.

Eis o sinal dos tempos:
este é o país produtor
que tanto mais produz
tanto mais é devedor.

Um país exportador
que quanto mais exporta
mais importante se torna
como país
- mau pagador.

E, no entanto, há quem julgue
que somos um bloco alegre
do "Comigo Ninguém Pode",
quando somos um país de cornos mansos
cuja história vai ser bode.

Dar bode, já que nunca deu bolo,
tão prometido pros pobres
em meio a festas e alarde,
onde quem partiu, repartiu,
ficou com a maior parte
deixando pobre o Brasil.

Eis uma situação
totalmente pervertida:
- uma nação que é rica
consegue ficar falida,
- o ouro brota em nosso peito,
mas mendigamos com a mão,
- uma nação encarcerada
doa a chave ao carcereiro
para ficar na prisão.

Cada povo tem o governo que merece?
Ou cada povo
tem os ladrões que a enriquece?
Cada povo tem os ricos que o enobrecem?
Ou cada povo tem os pulhas
que o empobrecem?

O fato é que cada vez mais
mais se entristece esse povo
num rosário de contas e promessas,
num sobe e desce
- de pranto e preces

Ce n'est pas un pays sérieux!
já dizia o general.
O que somos afinal?
Um país pererê? folclórico?
tropical? misturando morte
e carnaval?

- Um povo de degradados?
- FIlhos de degredados
largados no litoral?
- Um povo-macunaíma
sem caráter nacional?

Ou somos um conto de fadas
um engano fabuloso
narrado a um menino bobo,
- história de chapeuzinho
já na barriga do lobo?

Por que só nos contos de fadas
os pobres fracos vencem os ricos ogres?
Por que os ricos dos países pobres
são pobre perto dos ricos
dos países ricos? Por que
os pobres ricos dos países pobres
não se aliam aos pobres dos países pobres
para enfrentar os ricos dos países ricos,
cada vez mais ricos,
mesmo quando investem nos países pobres?

Espelho, espelho meu!
há um país mais perdido que o meu?
Espelho, espelho meu!
há um governo mais omisso que o meu?
Espelho, espelho meu!
há um povo mais passivo que o meu?

E o espelho respondeu
algo que se perdeu
entre o inferno que padeço
e o desencanto do céu.

Fonte: Releituras, Autor: Affonso Romano de Sant´anna, extraído do jornal "O Globo" - Rio de Janeiro

(Diante da pesquisa que aponta F.H.C (presidente da República Fernando Henrique Cardoso) como o brasileiro que mais envergonha o país, o cronista se vê forçado a publicar um texto de 17 anos atrás, atualíssimo) 29/09/2007
http://www.releituras.com/arsant_brasileiro.asp

** Saber fazer críticas extraordinárias,é capacidade fundamental de poucos!como Affonso Romano Sant'Anna,que analisa nosso tempo como ninguém! Mas sei que mais fundamental do que a crítica,é a capacidade de diálogo,é a capacidade de realizar atos e obras essenciais para o nosso país ! Afinal, todos fazemos parte de um mesmo barco,que furado ou não,precisa navegar,e para que isso aconteça,só dialogando! só respeitando a visão dos outros,e os que enxergam um pouquinho mais,nunca desistirem do diálogo,da construção ! Viver no Brasil é difícil mesmo!
não sabemos o que é respeitar leis,uma das coisas mais básicas para qualquer povo digno! e daí origina-se a filosofia do "jeitinho brasileiro",esta sendo hiper democrática,incluindo todas as classes sociais,de analfabetos a catedráticos.
Pra frente é que se anda! sejamos mais realizadores,começando... por... quem sabe...a respeitar leis ,levar à sério nossa carta magna,que diz que nenhuma criança pode ficar sem escola decente e sem vida digna...como disse o filósofo:
o que aconteceu com a raça humana,se até os animais irracionais demonstram ser mais empáticos do que nós!?
Nadia Stabile
São Paulo,29 de setembro de 2007


sexta-feira, 28 de setembro de 2007

DESENHOS DE FELLINI


































ANTROPOLOGIA SIMÉTRICA,MANIFESTO ABAETÉ




BRUNO LATOUR - A sua principal contribuição teórica é o desenvolvimento da ANT - Actor Network Theory (Teoria ator-rede) que, ao analisar a atividade científica, considera, enquanto variáveis, tanto os atores humanos e os não humanos, estes últimos devido ao seu vinculamento ao princípio de simetria generalizada.
ANTROPOLOGIA SIMÉTRICA,
MANIFESTO ABAETÉ

Algumas das mais importantes transformações ocorridas no campo da antropologia social ou cultural ao longo das três últimas décadas não parecem ter se refletido nem em seu ensino nem em suas formas institucionais de organização.
Um dos eixos dessas transformações consistiu, certamente, em um aprofundamento da crítica dos “grandes divisores” que, simultaneamente, fundaram a disciplina e representam um dos principais obstáculos que ela continuamente enfrenta.
Assim, em lugar de simplesmente seguir proclamando, de modo abstrato, que não existe critério que permita hierarquizar sociológica ou cognitivamente as sociedades, uma série de movimentos, no interior, nas margens e fora do campo antropológico, passaram a extrair as conseqüências empíricas, teóricas e ético-políticas desse posicionamento.
Já na década de 1970, Roy Wagner procurou romper o grande divisor epistemológico que supõe ser a reflexão antropológica um privilégio do Ocidente, proclamando que a antropologia deveria ser compreendida, antes de tudo, como um modo de relacionamento com a alteridade, existente em qualquer coletivo humano. Na década seguinte, Marilyn Strathern expandiu esse movimento, levando a ruptura do plano epistemológico (já um prolongamento da ruptura com o etnocentrismo ontológico dos tipos de sociedade) ao metodológico. Ao demonstrar que a antropologia sobre as outras sociedades tem necessariamente que levar em conta a antropologia das outras sociedades, a obra de Strathern abriu a possibilidade de uma antropologia sobre a nossa sociedade que não é apenas a antropologia da nossa sociedade.
Na década de 1990, Bruno Latour ampliou ainda mais o alcance potencial dessa expansão metodológica ao propor — após a antropologia reversa de Wagner e a antropologia de nós mesmos de Strathern — uma antropologia simétrica, capaz de investigar e analisar nossa própria sociedade com o mesmo grau de originalidade e sofisticação com que, às vezes, somos capazes de falar das outras sociedades. Além de suspender qualquer juízo sobre uma suposta distinção de fundo entre nós e os outros, a antropologia simétrica de Latour não recorre a qualquer hipótese sobre uma superioridade intrínseca de nossos modos de conhecimento (o que significa evitar a noção de natureza como realidade em si) e busca aplicar sobre nossas instituições “centrais” (ciência ou política, por exemplo) os mesmos procedimentos de investigação utilizados pelos etnógrafos das outras sociedades.
Em meados da primeira década do século XXI, pretendemos, com a Rede Abaeté de Antropologia Simétrica, articular e desenvolver, a nosso modo, esses movimentos intelectuais dos últimos 25 anos do século passado. Em primeiro lugar, tratando de romper com uma divisão de “especialidades” que apenas reflete o grande divisor ontológico nós/eles que há muito tempo a antropologia proclama ter abolido. Assim, na Abaeté procuraremos reunir pesquisadores que investigam sociedades comumente designadas “indígenas”, ou mesmo “primitivas” (os “etnólogos”?), e aqueles que pesquisam sua “própria” cultura ou a chamada “sociedade complexa” (“antropólogos”?).
Em segundo lugar, as conexões transversais entre esses pesquisadores deverão ser capazes de promover novas articulações e reviravoltas nos eixos epistemológicos e metodológicos envolvidos na investigação etnográfica e antropológica. Assim, procedimentos de investigação em geral privilegiados neste ou naquele campo empírico deverão ser postos em relação ou choque com outros. Mais do que isso, as correlações e entrechoques de práticas e saberes revelados nos diversos campos de investigação deverão permitir uma comparação plural e complexa entre diferentes domínios e níveis de distintas formações socioculturais, capaz de ultrapassar os impasses do comparatismo simplista que se resume a confrontar “nós” e “eles”
Em outros termos, o diálogo entre investigações empíricas sobre modos de pensamento, formas de organização e modalidades de interação vigentes em diferentes formas de socialidade — que, talvez, e para além da diferença entre sociedades, tenham em comum justamente o fato de serem alternativas às forças dominantes — poderá catalisar a desestabilização dos modelos dominantes que buscam se impor sobre nós mesmos e sobre os outros.
De um ponto de vista mais formal, a Abaeté deverá funcionar em consonância com os princípios intelectuais e éticos que inspiraram sua idealização. Isso significa que não se trata de nenhuma entidade supra-individual, dotada de intenções e interesses próprios, mas de um nome atribuído a uma rede de relações ou a um conjunto de relações em rede. Nesse sentido, com a Abaeté pretendemos apenas a intensificação de redes de interações real ou potencialmente já existentes, assim como uma ampliação da eficácia de suas intervenções.
Por razões de ordem apenas prática, registraremos, no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq e na Universidade Federal do Rio de Janeiro, um “Laboratório de Antropologia Simétrica”, composto, em princípio, pelos pesquisadores filiados a essa Universidade. Não se trata, contudo, de uma “sede” e nem mesmo de uma “estação central”, mas apenas de um relé destinado a facilitar as conexões entre os diferentes nós que compõem a malha da Abaeté. Como partes dessa rede, seus diferentes ramais poderão ser ativados em distintos momentos, aproveitando, por exemplo, reuniões científicas já existentes — nas quais poderão organizar grupos e mesas — ou, ao contrário, promovendo encontros próprios e outras atividades específicas. Todo o resto poderá, ou não, vir com o tempo.
De acordo com os dicionários, o termo de origem tupi-guarani "abaetê" significa "homem bom, verdadeiro, de palavra, honrado", no sentido de ser humano correto — ou seja, "gente boa". Por outro lado, o verbo "abaetar" (cujo sentido genérico é "cobrir com baeta" ou "agasalhar com baeta", quer dizer, proteger-se com tecido felpudo de lã) significa, em Pernambuco, "revoltar-se, indignar-se". Finalmente, a Lagoa do Abaeté (a "lagoa tenebrosa", em Itapuã, Salvador da Bahia, que teria esse nome em função de suas águas escuras) sempre foi um local para se lavar roupa suja e para prestar homenagens a Oxum. (No Tesoro de A.R. de Montoya S.J., a expressão aba eté é traduzida por "valiente, honrado", ao passo que a forma abaeté recebe a glosa: "feo, torpe, bravo, terrible, cruel, espantoso, dificultad"... No Pequeno Vocabulário de A. Lemos Barbosa S.J., abaeté (1) é "homem honrado, de valor", enquanto abaeté (2), e sua variante abaité, é glosado como "terrível, medonho". Donde a equívoca homonímia, se é isso, entre a gente fina e a lagoa sinistra.)

quinta-feira, 27 de setembro de 2007













Maurício Tragtenberg

e a Pedagogia Libertária*

Resumo:
Nosso objetivo é resgatar o pensamento político-pedagógico de Maurício Tragtenberg. De um lado, a crítica incisiva que desvenda o modelo pedagógico burocrático fundado na vigilância e na punição, na relação de dominação, no saber formal transformado em mercadoria de consumo, uma pedagogia que predomina na maioria das nossas escolas e universidades. De outro, o itinerário de uma alternativa pedagógica libertária, recuperada e sintetizada na práxis do educador contemporâneo. No final do percurso, a certeza da sua atualidade.

O modelo pedagógico-burocrático: vigiar e punir
A peculiaridade da pedagogia libertária se expressa pelo questionamento de toda e qualquer relação de poder estabelecida no processo educativo e das estruturas que proporcionam as condições para que estas relações se reproduzam no cotidiano das instituições escolares. É de conhecimento geral, a tese de que a interação entre os diversos personagens que atuam no espaço escolar reproduzem as relações sociais predominantes na sociedade.
Deste ponto de vista, Tragtenberg se coloca a seguinte questão: "conhecer como essas relações se processam e qual o pano de fundo de idéias e conceitos que permitem que elas se realizem de fato". Sua análise busca apreender como a escola atua enquanto "poder disciplinador" pois, conforme afirma o filósofo Michel Foucault, "a escola é o espaço onde o poder disciplinar produz saber". (TRAGTENBERG, 1985: 40)
Como surge esta situação? As origens desta instituição disciplinar remonta às necessidades de controle da força de trabalho e, simultaneamente, das exigências técnicas administrativas produzidas pelo avanço da revolução industrial. Não por acaso, os métodos de controle do operário assemelham-se àqueles utilizados no âmbito do espaço escolar: delimitação e enquadramento do tempo e da forma como este deve ser utilizado; e, domínio dos processos, gestos, atitudes e comportamentos. (estes métodos foram ainda mais intensificados com a adoção do taylorismo). A fusão de um saber, constantemente acumulado e renovado pela própria natureza da instituição escolar, com as técnicas disciplinadoras-burocráticas herdados dos presídios avultam os efeitos da concentração do poder de dominação e controle. A escola, através do saber, aperfeiçoa os meios de controle, podendo dar-se ao luxo de dispensar o recurso à força. A própria prática de ensino pedagógica-burocrática permite-o, na medida em que reduz o aluno ao papel de mero receptáculo de conhecimento, fixa uma hierarquia rígida e burocrática na qual o principal interessado encontra-se numa posição submissa e desenvolve meios para manter o aluno sob vigilância permanente (diário de classe, boletins individuais de avaliação, uso de uniformes modelos, disposição das carteiras na sala de aula, culto à obediência, à superioridade do professor etc.).
Nesta estrutura escolar, o poder de punir é legitimado e concebido como natural. Como salienta Tragtenberg: "Na escola, ser observado, olhado, contado detalhadamente passa a ser um meio de controle, de dominação, um método para documentar individualidades. A criação desse campo documentário permitiu a entrada do indivíduo no campo do saber e, logicamente, um novo tipo de poder emergiu sobre os corpos". (Idem)

A prática de ensino resume-se, então, à transmissão de um conhecimento 'superior' (no sentido de estar sob domínio professoral) e à adoção de técnicas de memorização de conteúdos. Um conhecimento, portanto, formal e selecionado à revelia dos diretamente interessados e passível de questionamento quanto à sua própria utilidade.
Tudo isto pode ser resumido em: vigiar e punir. De fato, esta prática de ensino objetiva, essencialmente, a produção de "corpos submissos, exercitados e dóceis". A estrutura escolar, em nome da transmissão do conhecimento, termina por domesticar o aluno, diferenciar os bons dos maus, salientar e reforçar a imagem negativa dos rebeldes, 'problemáticos', estigmatizando uns e outros, recompensando os primeiros, punindo os segundos com a repetência e/ou a exclusão. O ensino do conteúdo torna-se em si um meio para tal.
O sistema de exames é a pedra angular deste edifício. A avaliação do aluno reduz-se à aplicação da prova, tornando-se um fim em si mesma. O objetivo principal, a produção e transmissão do conhecimento, é secundarizado. Sem alternativas, o aluno submete-se ao exame, memoriza o conteúdo para tirar uma boa nota. Mas, o que prova a prova senão apenas o ridículo fato de que ao aluno sabe fazê-la? Por acaso, o exame dado nestas condições prova o saber do aluno? (...)

POR ANTONIO OZAÍ DA SILVA
Docente na Universidade Estadual de Maringá (UEM), autor de História das Tendências no Brasil (Origens, cisões e propostas), Proposta Editora, 1987; e, de Partido de massa e partido de quadros: a social-democracia e o PT, São Paulo, CPV, 1996; membro do NEILS

*** CONTINUE LENDO EM:
http://www.espacoacademico.com.br/032/32pc_tragtenberg.htm

* Publicado originalmente na Revista Lutas Sociais, 6, 2º semestre de 1999, pp. 07-20, do Núcleo de Estudos de Ideologia e Lutas Sociais (NEILS) e Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC/SP.

CARTA A UM

AMIGO PETISTA...

...que simpatizou com o recém-lançado Movimento dos Sem-Mídia
e o estava divulgando na sua rede virtual.


Velho companheiro de tantas lutas,

precisamos avaliar os acontecimentos com o que antigamente era chamado de "distanciamento crítico", sob pena de causarmos grandes danos à cidadania e aos nossos próprios ideais.

Os petistas têm todo direito de se posicionarem contra a imprensa quando ela estiver errada, mas não é nem de longe o caso do julgamento dos envolvidos no escândalo dito do mensalão.

Essa promiscuidade de recursos públicos com interesses particulares e o tráfico de influência vêm de longe no Brasil, mas o fato é que esses companheiros jamais deveriam ter comprometido sua imagem de defensores das causas populares, incidindo nas mesmas práticas que emporcalhavam os governos anteriores.

Ao agir assim, causaram um prejuízo incomensurável a todos os idealistas que nos mantivémos íntegros, já que deram à extrema-direita um trunfo propagandístico valiosíssimo.

Os sites fascistas trombeteiam que os resistentes que pegaram em armas contra a ditadura eram todos iguais ao Zé Dirceu e Genoíno. Muitos internautas, despolitizados, acreditam nessa infâmia, tomando as exceções como regras.

Não há por que defendermos os mensaleiros, pois os atos por eles praticados estão muito longe de fazerem jus a qualquer solidariedade. E sua única punição real está sendo o ostracismo político, que fizeram amplamente por merecer.

Então, como o tal Movimento dos Sem-Mídia surge exatamente como uma resposta à atuação da imprensa durante o julgamento do mensalão no STF, já nasce sob os piores augúrios.

Ademais, desacreditar e intimidar instituições como a imprensa era o que as turbas nazistas faziam no início da escalada de Hitler. Alguns de seus integrantes eram provenientes da esquerda, como você deve ter lido. No entanto, acabaram, ingenuamente, ajudando a chocar o ovo da serpente. Temos de aprender com as lições da História, para não correr o risco da repetição de acontecimentos funestos.

Somos partidários da liberdade e da justiça social, não seguidores de caudilhos como o Chávez, o mais destacado silenciador da imprensa na atualidade.

Na verdade, Chávez não passa de uma reedição dos Vargas e Peróns do século passado, que ziguezagueavam entre as ideologias, adotando, em cada instante, aquela que mais convinha ao seu projeto pessoal de poder. Flertaram com o nazismo quando Hitler conquistava país após país e se direcionaram para um nacionalismo esquerdóide após suas ditaduras serem extintas por pressão dos norte-americanos, no momento da vitória aliada.

Sugiro que os companheiros reflitam bem antes de apoiarem algo tão vago e suspeito. Somos um pouco idosos para fazermos o papel de inocentes úteis.

Substituir a imprensa subserviente ao poder econômico que aí está por uma imprensa subjugada por pressões políticas não seria avanço nenhum. E, historicamente, a supressão das liberdades acaba sempre vitimando também os revolucionários. Não devemos armar guilhotinas, confiantes de que nossas cabeças permanecerão incólumes. Danton e Robespierre cometeram esse erro.

Saudações fraternas!


Celso Lungaretti
14/09/07

* Celso Lungaretti é jornalista e escritor. Mais artigos em http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/
GOEBBELS INSPIRA

DIREITA

E ESQUERDA NA


INTERNET

Celso Lungaretti (*)

A internet fornece tribuna a todos os cidadãos, que podem espalhar à vontade suas opiniões, interpretações e informações (verdadeiras e falsas), seja assumindo honestamente a autoria, seja ocultando-se como anônimos ou fakes.

Num primeiro momento, houve quem saudasse essa nova realidade como uma quebra do monopólio da imprensa e um respiradouro para a opinião pública tomar conhecimento de verdades que estariam sendo sonegadas pelos barões da mídia.

Agora, entretanto, evidencia-se cada vez mais o outro lado da moeda: abriram-se possibilidades praticamente infinitas de manipulação das consciências. Não só para impingirem-se como verídicos os eventos mostrados num pega-trouxas cinematográfico qualquer (A Bruxa de Blair), como também para a massificação de propaganda política enganosa, na linha do nazista Joseph Goebbels (“Uma mentira mil vezes repetida se torna uma verdade”).

As empresas jornalísticas e seus profissionais são obrigados a respeitar limites, para não sofrerem os prejuízos financeiros decorrentes da perda de credibilidade e das ações judiciais. Não podem dar livre curso a fantasias e calúnias.


Já os sites financiados por facções políticas pouco têm a perder, daí a desenvoltura com que agem. Direcionam-se para cidadãos frustrados e rancorosos, propensos ao fanatismo e, portanto, incapazes de perceber a total falta de verossimilhança naqueles relatos mirabolantes. Trata-se do mesmo caldo de cultura que gerou o nazismo e o fascismo.

A extrema-direita, em sites como o Ternuma, Mídia Sem Máscara, Usina de Letras e A Verdade Sufocada, prega ostensivamente um novo golpe militar, tentando reeditar, de forma mecânica, a receita que deu certo em 1964.

Mas, se os sem-terra caem bem no papel de espantalho então preenchido pelas Ligas Camponesas de Francisco Julião e se Lula é tão useiro e vezeiro em dar trunfos para o inimigo quanto Goulart, outras peças do quebra-cabeças não se encaixaram: os controladores de vôo nem de longe indignaram a oficialidade como os subalternos contestadores das Forças Armadas (com destaque para os marujos liderados pelo cabo Anselmo); o Cansei e o Fora Lula só conseguem reunir gatos pingados, jamais as multidões das Marchas da Família, Com Deus, Pela Liberdade.


O mais risível é o papel de vilão principal, antes ocupado pela conspiração comunista urdida em Moscou e Pequim. Na falta de coisa melhor, os sites fascistas hoje alardeiam a periculosidade do Foro de São Paulo, por eles apresentados como a “organização revolucionária que está influenciando de maneira decisiva os destinos políticos da América Latina, em especial a América do Sul”.

Na verdade, trata-se apenas de um encontro bianual de partidos políticos e organizações sociais contrárias às políticas neoliberais, que vem acontecendo desde a reunião inicial de 1990, em São Paulo (daí o nome).

Olavo de Carvalho, misto de (péssimo) jornalista, (eficiente) propagandista e (pretenso) filósofo, descreve o Foro de São Paulo de forma tão delirante que parece Ian Fleming introduzindo a Spectre numa novela de James Bond: “...a entidade que já domina os governos de nove países não admite, não suporta, não tolera que parcela alguma de poder, por mais mínima que seja, esteja fora de suas mãos. Nem mesmo as empresas de comunicação e o judiciário, sem cuja liberdade a democracia não sobrevive um só minuto. Com a maior naturalidade, como se fosse uma herança divina inerente à sua essência, o Foro de São Paulo, com a aprovação risonha do nosso partido governante, reivindica o poder ditatorial sobre todo o continente”.

As hostes virtuais petistas respondem com outros sambas do crioulo doido, como os dossiês sobre conspirações para derrubar o presidente Lula divulgados pelo fantasmagórico grupo Jornalistas Independentes do Brasil (Jibra), com sede oficial em Londres (?!).

Assim, segundo o Jibra, as denúncias do mar de lama que maculou o primeiro mandato do presidente Lula não se deveram ao desmascaramento da organização criminosa que ora responde por seus crimes na Justiça, mas sim à má fé dos formadores de opinião, que estariam sendo subornados para denegrir o angelical Zé Dirceu. Teria ocorrido o repasse de numerário, via Nossa Caixa, Bank of Boston e Santander Banespa, para “pelo menos 76 pessoas, entre jornalistas e outras personalidades”, incluindo os jornalistas Ricardo Noblat, Lílian Witte Fibe e Augusto Nunes, o deputado Fernando Gabeira e o ator Lima Duarte.

Além dos partidos rivais do PT, estariam envolvidos na fantástica tramóia os serviços de inteligência dos EUA e do Reino Unido – os quais teriam assassinado o brasileiro Jean Charles de Menezes no metrô londrino, não por o terem confundido com um terrorista, mas por acreditarem que ele fosse o “operador estratégico das ações do Jibra”!

O Ministério Público Federal e as autoridades policiais têm mostrado empenho no combate à pornografia e à pedofilia na Internet, mas quase nada vêm fazendo contra as campanhas totalitárias – desde o golpismo da extrema-direita até a desmoralização e intimidação da imprensa por parte dos petistas. Muito menos para defender a honra dos cidadãos que são alvos diários de difamações e calúnias.

É preciso disciplinar o admirável mundo novo da Web, antes que ele se torne 1984.

27/09/07

* Celso Lungaretti é jornalista e escritor. Mais artigos em http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/

segunda-feira, 24 de setembro de 2007























O TRABALHO DOMÉSTICO,

SEGUNDO KARL MARX...

...e posteriormente Engels em “A origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, a primeira divisão do trabalho na família se dá através do ato sexual e da procriação. A apontam como uma divisão “natural”, como se o trabalho doméstico fosse inerente à condição feminina, ou como se fosse um fato da “natureza” e não como resultado das relações sociais de produção.(...)

"Mulher no Mercado de Trabalho - Em busca de Justiça Igualitária"

Por Quezia Lucena 07/04/2005

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/04/312672.shtml

(...)Eles querem o seu tempo em medida suficiente para se apoderar de você, mesmo quando não têm necessidade da maior parte dele. Senão, por que a jornada semanal média não diminuiu mais do que alguns minutos nos últimos 60 anos?A seguir, podemos passar o facão na produção propriamente dita. Chega de indústria bélica, energia nuclear, junk food, desodorante íntimo feminino - e, sobretudo, chega de indústria automotiva. Um Stanley Steamer ou um modelo T(6) ocasionais são até aceitáveis, mas o auto-erotismo do qual dependem pocilgas como Detroit e Los Angeles está fora de cogitação. De cara, sem nenhum esforço, virtualmente resolvemos a crise de energia, a crise ambiental e outros variados problemas ambientais insolúveis.Finalmente, precisamos acabar com aquela que é de longe a ocupação com mais funcionários, com a jornada mais longa, o salário mais baixo e algumas das tarefas mais tediosas que existem. Refiro-me às donas de casa que fazem o trabalho doméstico e criam filhos. Abolindo o trabalho assalariado e alcançando o pleno desemprego, sabotamos a divisão sexual do trabalho. O núcleo familiar que conhecemos é uma adaptação inevitável à divisão do trabalho imposta pelo trabalho assalariado moderno. Gostando ou não, do jeito que as coisas estiveram nos últimos 100 ou 200 anos era racional, do ponto de vista econômico, que o homem sustentasse a família, que a mulher se matasse no fogão e no tanque e proporcionasse ao marido um porto seguro num mundo desalmado. Também fazia sentido que as crianças marchassem para os campos de concentração juvenis chamados "escolas", sobretudo para saírem da barra da saia da mamãe - mas de forma que ainda fossem mantidas sob controle - e, de forma secundária, também para que adquirissem os hábitos de obediência e pontualidade tão necessários aos trabalhadores. Se quiser se livrar do patriarcado, livre-se do núcleo familiar, cujo "trabalho invisível"(7) não-remunerado, como diz "Ivan Illich", possibilita o sistema de trabalho que torna a família necessária. Ligadas a essa estratégia antinuclear estão a abolição da infância e o fechamento das escolas. Há mais estudantes em período integral do que trabalhadores em período integral neste país. Precisamos das crianças como professoras, não como alunas. Elas têm muito a contribuir para a revolução lúdica porque sabem brincar melhor do que os adultos. Adultos e crianças não são idênticos, mas vão se tornar iguais por meio da interdependência. Somente a brincadeira pode acabar com o conflito de gerações.(...)

"A Abolição do Trabalho"
por Bob Black - tradução: Michele de Aguiar Vartuli

http://ervadaninha.sarava.org/bobblackabol.html

O trabalho doméstico é como se fosse "invisível" como diz Illich!A jornada dupla da maioria das mulheres é vista como algo sem nenhuma importância pelos homens!Numa sociedade onde isso ainda é aceito como normal,fica difícil almejar que homens e mulheres respeitem-se mutuamente.Os homens custam a abrir mão de seus tradicionais privilégios.Isto já é algo muito antigo,tão antigo quanto exigir das mulheres que casem-se virgens!Quando será que estes hábitos ultrapassados e desumanos sumirá das cabeças dos homens?e também quando as mulheres deixarão de portarem-se como meros objetos?

*OBRA DE "Vermeer" c.1660(segunda imagem)

sábado, 22 de setembro de 2007




AUGUSTO BOAL DIZ QUE LEI
ROUANET DEVERIA SER EXTINTA!
O QUE RESOLVE MESMO SÃO
OS PONTOS DE CULTURA,
E CITA O "CPC" CRIADO PELA
"UNE" NA DÉCADA DE 60!
UNE E CULTURA
A UNE foi precursora de importantes movimentos culturais brasileiros. O Centro Popular de Cultura (CPC) é o mais famoso deles que e nos anos 60 animou a cena artística brasileira com novas e ousadas experiências no campo da pesquisa e da produção cultural. O CPC não foi a primeira tentativa da entidade na área cultural, mas foi a experiência mais vitoriosa e que se tornou um marco da cultura brasileira, unindo artistas, intelectuais e o movimento estudantil. O CPC tinha uma produção artística própria e não se limitava a aglutinar grupos de artistas já existentes: chegou a fundar um selo de discos, uma editora de livros, além de realizar produtos culturais importantes como o filme Cinco Vezes Favela. Participaram do CPC nomes como Arnaldo Jabor, Cacá Diegues, Ferreira Gullar, Vianinha, entre outros.(...)






















LIVRARIA CULTURA,

A MAIOR LIVRARIA DO BRASIL!

Um dos cinemas do Conjunto Nacional cedeu espaço à fantástica reforma e ampliação da Livraria Cultura. Desde meados deste ano é possível sentar-se dignamente e ler em paz ! Se quisermos tomar um bom café expresso,nem é preciso sair de lá! Enfim um grande avanço! se pensarmos que São Paulo pode humanizar-se cada vez mais, tornando-se muito mais aconchegante,privilegiando a cultura e tornando o tempo livre das pessoas muito mais agradável!...é GENIAL!

*O Conjunto Nacional,pra quem não sabe,localiza-se na Av.Paulista,esquina com Rua Augusta.













AUGUSTO BOAL,
TEATRO DO OPRIMIDO,
TEATRO FÓRUM,
TEATRO INVISÍVEL.
ENTREVISTADO NA TV CÂMARA
ASSISTA!
"...NEUTRALIDADE NÃO EXISTE!
NEM TEATRO APOLÍTICO!..."

Augusto Boal (teatrólogo) Existe um teatro onde, de repente, o espectador é convidado a substituir o protagonista e mudar a condução ou mesmo o fim da história. Nesse teatro, aliás, o formato tradicional de se contar uma história pode ser totalmente subvertido e o debate de temas de relevante interesse público pode substituir o tradicional relato de acontecimentos com início, meio e fim. O Teatro do Oprimido, criação genuinamente brasileira, idealizado e desenvolvido por Augusto Boal, um dos mais importantes diretores do Brasil, persegue exatamente este objetivo: em vez de contar uma história, esse teatro pretende que atores e espectadores participem, criem, intervenham no espetáculo, deixando a história em segundo plano. (...)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007















ANARQUISTAS,GRAÇAS A DEUS

Em seu livro "Anarquistas, Graças a Deus",a escritora Zélia Gattai conta a história de um grupo particularmente interessante de imigrantes que vieram ao Brasil, os anarquistas, que influenciaram muito a luta antifascista, anti-racista e antiimperialista no país, principalmente em São Paulo, durante a Revolução Tenentista de 1924 . (Anarquistas, Graças a Deus, 426 págs., Editora Record)


POST DE AMIGO, DO BLOG AUTO GESTÃO NA CABEÇA:

... Encontrei excelente documentário sobre a greve geral de 1917, ocorrida pela corajosa e impetuosa ação dos trabalhadores e trabalhadoras da cidade de São Paulo. Esta greve foi forte e centralmente, influenciada pelo movimento anarquista de então.Vale a pena assistir!Acessem: http://www.youtube.com/watch?v=E-NN1dIzAxM




* IMAGEM:Quadro de Angiolo Tomasi, de 1896, retratando a partida dos imigrantes da Itália. O original faz parte da coleção da Galeria Nazionale di Arte Moderna, em Roma.

pessoas da Terra...


















pessoas da Terra...

Uma poderosa conversação global começou. Através da Internet, pessoas estão descobrindo e inventando novas maneiras de compartilhar rapidamente conhecimento relevante. Como um resultado direto, mercados estão ficando mais espertos—e mais espertos que a maioria das empresas.
Leia o Manifesto Leia o Adesivo BuzzFuzz Reach"O trem das evidências (cluetrain) parava quatro vezes por dia por dez anos e eles nunca pegaram a encomenda."— Veterano de uma firma agora caindo fora da Fortune 500"...empresas tão lobotomizadas que elas não podem falar em uma voz reconhecidamente humada fazendo sites que cheiram como a morte."—"Fear and Loathing on the Web" The Industry Standard e CNN Interactive Evidências que você pode usarEncontre os RingleadersSignatários incluíndo...
Bruce HuntAdobe Systems
Larry Bohnnet.Genesis
Robert KostUS Interactive
Dave WinerUserLand
Tom MatrulloComcast Online
Dan MillerThe Kelsey Group
Keith DawsonTBTF
Eric S. RaymondOpen Source Initiative
e muitos mais...
Estes mercados são conversações. Seus membros se comunicam em uma linguagem que é natural, aberta, honesta, direta, engraçada e muitas vezes chocante. Quer seja explicando ou reclamando, brincando ou séria, a voz humana é genuína. Ela não pode ser falsificada.
A maioria das empresas, por outro lado, apenas sabem como falar na linguagem calma, sem-humor e monótona da missão corporativa, prospectos de marketing, e o sinal de ocupado sua-ligação-é-importante-para-nós. O mesmo antigo tom, as mesmas antigas mentiras. Não é de se espantar que mercados conectados não tem respeito por empresas que não querem falar como eles.
Mas aprender a falar em uma voz humana não é nenhum truque, e as corporações não irão nos convencer que são humanas com coisas do tipo "ouvindo os clientes." Elas irão parecer humanas apenas quando empregar seres humanos reais para falar por elas.
Enquanto muitas destas pessoas já trabalham para empresas hoje, a maioria das empresas ignoram suas habilidades de entregar conhecimento genuíno, ao invés disto optando por empurrar conversas que insultam a inteligência de mercados literalmente muito inteligentes para comprar isto.
De qualquer modo, funcionários estão hyperlinkando-se assim como os mercados. Empresas precisam ouvir cuidadosamente a ambos. Principalmente, elas precisam cair fora do caminho, assim funcionários intraconectados podem conversar diretamente com mercados interconectados.
Firewalls corporativos mantiveram funcionários inteligentes dentro e mercados inteligentes fora. Isto está causando um problema real para derrubar estas paredes. Mas o resultado será um novo tipo de conversação. E esta será a mais excitante conversação que as empresas jamais conheceram.


Mercados Online...
Mercados em rede estão começando a se auto-organizar mais rápido que as empresas que os tem tradicionalmente servido. Graças a web, mercados estão se tornando melhor informados, mais inteligentes, e demandando qualidades perdidas na maioria das organizações.


LEIA O MANIFESTO: http://www.cluetrain.com/portuguese/index.html#manifesto

domingo, 16 de setembro de 2007












Manifestantes pedem


cassação de Renan


e voto aberto em SP

DÉBORA PRADO


Colaboração para a Folha Online


Os organizadores do protesto contra a absolvição do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) reuniram na tarde deste sábado de 150 a 200 pessoas na avenida Paulista, segundo estimativas da Polícia Militar.

Com a adesão dos motoristas que passavam pelo local, os presentes seguravam cartazes com os dizeres "Ética Já", "Vergonha" e "Fora Renan" em frente ao prédio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Eles circulavam entre os carros parados no semáforo para distribuir os 4.000 panfletos preparados para a ocasião.
A idéia do protesto começou a ser divulgada na última quarta-feira (12), pela internet, logo após o presidente do Senado ter sido absolvido. Com 40 votos contra cassação, 35 favoráveis e seis abstenções, o plenário mandou arquivar o projeto de resolução que pedia a retirada do mandato de Renan por quebra de decoro.
Segundo um dos dez organizadores do Movimento "Grande Vaia", Mário Arone, o grupo surgiu há cerca de dois meses por meio de uma comunidade em um site de relacionamentos após o acidente com o Airbus da TAM, em 17 de julho.
Voto secreto
O consultor de informática Wagner Marins aproveitou a agitação para divulgar o abaixo-assinado que promove contra o voto secreto no Congresso Nacional, também articulado em um site de relacionamentos.
"Estamos fazendo o abaixo-assinado pelo voto aberto no Senado, recolhendo assinaturas em 13 capitais do país", explica Marins. Segundo ele, até o momento, já foram recolhidas 14.290 assinaturas em São Paulo --sem contar as novas assinaturas obtidas durante a manifestação."Devemos ultrapassar as 15 mil assinaturas depois desta tarde e pretendemos levar o documento para Brasília já na semana que vem, aproveitando o momento de foco sobre o assunto", antecipa o consultor.
"Sem-mídia"
Ainda ontem, cerca de 90 manifestantes, segundo a PM, participaram de ato batizado de "Movimento dos Sem-Mídia", em frente ao prédio da Folha.
Um manifesto --endossado por cerca de 190 pessoas, segundo os organizadore-- foi protocolado na portaria do jornal. O ato durou quase duas horas. "A mídia ataca o governo federal em benefício de seus opositores", discursou o gerente de vendas Eduardo Guimarães, organizador do protesto. 15/09/2007 - 16h51


http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u328756.shtml


sábado, 15 de setembro de 2007

http://www2.uol.com.br/angeli/lukeetantra/tiras.htm?imagem=241 (CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR)

http://www2.uol.com.br/angeli/lukeetantra/tiras.htm?imagem=180 (CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR)

MARIA BETHÂNIA

DECLAMA "ULTIMATUM"

DE ÁLVARO DE CAMPOS

Texto "Ultimatum" - 1917

Álvaro de Campos (um dos heterônimos de Fernando Pessoa)1888-1935

Show "Dentro Do Mar Tem Rio"

Teatro Guaira em Curitiba. Dia 17/03/2007

http://br.youtube.com/watch?v=Ja9Vercrab0

"...Álvaro de Campos, que no manifesto Ultimatum, de 1917, nos passa a lição que o Brasil tem de aprender: “Ultimatum a todos eles e a todos que sejam como eles todos./Monte de tijolos com pretensões a casa./Inútil luxo, megalomania triunfante./E tu Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral que nem te queria descobrir."

http://www.cronopios.com.br/site/colunistas.asp?id_usuario=58

TEMA DO POST ENVIADO POR UMA AMIGA R.F. ,14/09/07




NO DIA 13 DE SETEMBRO...

uma amiga envia-me,

indignada:

"...sobre a absolvição

de Renan Calheiros.

Recebi, então, esta

"aula Gregório de Mattos":

Recopilou-se o direito,
E quem o recopilou
Com dous ff o explicou
Por estar feito, e bem feito:
Por bem Digesto, e Colheito
só com dous ff o expõe,
E assim quem os olhos põe
No trato, que aqui se encerra,
há de dizer, que esta terra
De dous ff se compõe.

Se de dous ff composta
está a nossa Bahia
Errada a ortografia
A grande dano está posta:
Eu quero fazer uma aposta,
E quero um tostão perder,
Que isso a há de preverter
não são os ff que tem
Esta cidade a meu ver.

Provo a conjetura já
Prontamente como um brinco
Bahia tem letras cinco
Que são BAHIA
Logo alguém me dirá
Que dous ff chega a ter,
Pois nenhum contém sequer,
Salvo se em boa verdade
são os ff da cidade
Um furtar, outro foder.

Gregório de Matos (1633-1696)

Valha-nos "deus"....
R. F.

NO PÃO DE AÇÚCAR...
























(obra de Tarsila do Amaral - 1922)

NO PÃO DE AÇÚCAR...

OSWALD DE ANDRADE

No Pão de Açúcar
De Cada Dia
Dai-nos Senhor
A Poesia
De Cada Dia

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

ISTO NÃO É UM CACHIMBO!

...SÓ FALTOU PUXAR O

BANQUINHO DA FORCA!

ISTO NÃO É UM CADAFALSO!


"Isto não é um cachimbo" é um livro ótimo de Michel Foucault
em que ele contempla a obra de René Magritte e
desenvolve uma reflexão sobre questões fundamentais
dentro das artes plásticas ,a similitude
e a representação,isto é, um cachimbo pintado na tela,não é um cachimbo,mas apenas a representação do signo
cachimbo,com a frase "ceci n'est pas une pipe"
(isto não é um cachimbo).
Não estudei estética como Foucault,nem sou filósofa como ele!
Também não conheço os meandros podres da política partidária
brasileira à fundo,mas sei que eles existem e tenho aversão à tudo isso que temos presenciado. Ontem no jornal da tv,Romeu Tuma disse
ao repórter que "Renan Calheiros ainda não foi absolvido e
que ainda não está livre da forca,só faltou puxarem
o banquinho"... para que a "forca"cumprisse sua função...
A palavra banquinho ao invés de cadafalso...
interessante! Tuma disse banquinho querendo dizer,
isto não é um cadafalso,é apenas mais uma farsa...
Farsa sem originalidade alguma!muitas outras bem semelhantes à essa
já estiveram em cartaz! décadas seguidas,o enredo é bem conhecido por todos nós! só mudou o estilo do "espetáculo"!
Mas o que interessa mesmo,é que cada vez mais brasileiros,
tomam consciência de que "Isto não é um congresso!"
"Isto que Tuma chama de banquinho,não é um banquinho,
e nem um cadafalso,mas um mercado de peixes,no pior dos sentidos,
onde os mortos de fome fedorentos agem colaborativamente
num arrastão de última categoria,tratando de saquear
tudo o que encontram pela frente.
Não, "Isto ainda não é uma quadrilha!"
afinal, nem puxaram o banquinho!...
Nadia Stabile
São Paulo, 14 de setembro de 2007

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A LÍNGUA É

MINHA PÁTRIA...!!!

(palavras de música

de Caetano Veloso)

o único museu do planeta,

dedicado à uma língua ,

a portuguesa!

localizado na estação da luz,

na cidade de são paulo.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

QUE PAÍS É ESSE???????????

A RECONSTRUÇÃO

É URGENTE!!!!!!!

Esta música foi composta na década de 80,ou 90? e o país continua,cada vez pior!
Tudo ainda acaba em pizza! É chegada a hora de acabar de desconstruir tudo isso!
Colocar nossas cabeças a diante,e parar de nos enlamearmos nessa
política partidária podre! Comecemos a construção,lutemos por
uma educação abrangente utilizando as tecnologias que aí estão!
lutemos!! olhemos pra frente pisando na sujeira que aí está.
Como quem meta recicla os escombros de uma casa ruída e os usa pra
fazer as fundações! é!!! podemos engendrar estes escombros!
e por mãos à obra para reconstruir aquilo que já desmoronou há muito tempo! Faríamos uma grande corrente suprapartidária da educação.

Até o ministro Fernando Haddad já disse isto!!
http://www.radiobras.gov.br/abrn/brasilagora/materia.phtml?materia=263269

Nadia Stabile - 12 de setembro de 2007


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