Índios no Brasil":
construindo imagens
e desconstruindo
estereótipos
Valéria Macedo
Programa que está sendo exibido na TV cultura, aos domingos, 18:00hs. OBS: a emissora não fornece data prevista para duração da apresentação dos documentários.Em momento de ressaca da "festa" dos 500 anos, chega em boa hora a série de vídeos Índios no Brasil. Identidade, línguas, costumes, tradições, a colonização e o contato com o branco, a briga pela terra, a integração com a natureza e os direitos conquistados são os temas enfocados na série produzida pela ONG Vídeo nas Aldeias para a TV Escola.Índios no Brasil é dividida em dez programas, de aproximadamente 20 minutos, nos quais a questão indígena é abordada visando enriquecer o currículo escolar, romper estereótipos e inverter papéis, já que não apenas os índios são objeto de investigação, mas a própria sociedade não indígena ocupa o lugar do "outro". A iniciativa representa um salto qualitativo nas produções do gênero, por seu alto teor informativo e principalmente pelo argumento que perpassa a dezena de episódios. A intenção foi flagrar o descompasso entre a imagem de um índio genérico cristalizada no imaginário dos brasileiros e a realidade de vários grupos indígenas, que estão cada vez mais articulados politicamente e mobilizados para garantir o exercício de sua identidade cultural. Para isso, têm sido necessário dominar os códigos da sociedade não índigena, não para ser iguais, mas justamente como recurso para a manutenção de sua diferença.Dessa maneira, os vídeos mostram que, se o índio não é coisa do passado, a possibilidade de isolamento cultural certamente é. E nem por isso é preciso sucumbir aos modelos hegemônicos ditados pela sociedade industrial. O que se observa é um desenvolvimento desses povos, tanto numericamente – eram 150 mil em décadas passadas e hoje são cerca de 350 mil – quanto no resgate de suas terras, línguas e rituais. A série não deixa dúvidas: são sujeitos atuantes e, mais do que nunca, atuais.Apresentada pelo líder indígena Ailton Krenak, Índios no Brasil faz um painel dos costumes, valores e perspectivas de índios de nove povos dispersos no território nacional, escolhidos entre mais de 200 etnias: os Ashaninka e Kaxinawá do Acre, os Baniwa do Rio Negro no Amazonas, os Krahô de Tocantins, os Maxacali de Minas Gerais, os Pankararu de Pernambuco, os Yanomami de Roraima, os Kaiowá do Mato Grosso do Sul e os Kaingang do sul do país. Os entrevistados são professores ou líderes de organizações indígenas e, por isso, bastante convincentes e articulados. Em suas falas transparece a recusa em encaixar-se nesses modelos construídos ao longo de 500 anos de invasões, exploração e, não raro, etnocídio.(...)
(...) 5) Uma outra história (17’)O Brasil foi descoberto ou invadido? O filme de Humberto Mauro de 1940(ou 1936) dá a sua versão do "Descobrimento do Brasil". Mas os índios são unânimes em afirmar que o Brasil foi invadido porque eles já estavam aqui. Os índios contam suas versões da história do Brasil. A cartilha de história das escolas indígenas do Acre, por exemplo, divide a história do Brasil em quatro períodos: o tempo das malocas, antes da chegada de Cabral; o tempo das correrias, quando os índios foram caçados para a ocupação dos seus territórios; o tempo do cativeiro, quando eles foram usados como mão-de-obra escrava no corte de seringa; o tempo dos direitos, quando finalmente conquistaram o direito à terra e à sua cultura.(...)31/03/2008
Nenhum comentário:
Postar um comentário