segunda-feira, 15 de setembro de 2008

SPINOZA,"CONATUS" E A LIBERDADE (clique aqui para ler na íntegra)


Das paixões à liberdade

Na sua obra principal, Ética demonstrada à maneira dos geômetras, Spinoza desvenda os mecanismos que explicam a origem, a natureza e a força dos afetos e constrói uma verdadeira ciência da afetividade humana. Para ele, alegria, tristeza, desejo, amor, ódio e todos os demais sentimentos humanos, têm causas determinadas e efeitos necessários dignos de conhecimento. Conhecer as verdadeiras causas dos mecanismos afetivos, a que estamos submetidos, permite elaborar uma técnica para dominar as paixões e diminuir os efeitos naturalmente obsessivos. Assim, Spinoza expõe na terceira parte da Ética um estudo sobre os afetos humanos e demonstra que estes se baseiam principalmente no conatus(esforço em latim), “Toda coisa, enquanto está em si, se esforça por perseverar no seu ser.”(Ética III, prop.6), este esforço de nossa essência em perseverar na existência é o próprio conatus. Conatus é a essência atual do corpo e da alma, sendo uma força interna para existir e conservar-se na existência,é uma força interna positiva ou afirmativa, intrinsecamente indestrutível, pois nenhum ser busca a auto-destruição. Possui assim, uma duração ilimitada, até que causas exteriores mais fortes e mais poderosas o destruam. Definindo corpo e alma pelo conatus, Spinoza faz com que sejam essencialmente vida, de maneira que, na definição da essência humana, não entra a morte. A causa da morte de um corpo nunca pode estar no próprio corpo, sendo sempre algo exterior a ele, pois se Deus é causa da nossa existência jamais pode ser causa de nossa morte. Quando o conatus se refere a alma, é nomeada de vontade, portanto a vontade não é uma faculdade da escolha, mas o esforço contido nas idéias que constituem a alma. Já, quando se refere à alma e ao corpo, isto é, ao homem, é chamado de apetite. Este apetite junto com a consciência de si, formam o desejo. Spinoza afirma que a essência do homem é o desejo, assim dizer que somos apetite corporal e desejo psíquico é dizer que as afecções do corpo são afecções da alma. A relação originária da alma com o corpo e de ambas com o mundo é a relação afetiva. Afecções e afetos, exprimindo nosso conatus obedecem à lei natural que rege o esforço de preservação na existência. O desejo é identificado na relação dos modos finitos com o conatus.(...)

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