quinta-feira, 14 de agosto de 2008

«tudo o que vive é o teu próximo» TOLSTÓI (clique aqui)

(...)Leon Tolstoi e o anarquismo cristão

“Ama a teu próximo como a ti mesmo”. É com esta frase que o escritor russo Leon Tolstoi (1828 – 1910), autor de “Guerra e Paz” inaugurou no movimento libertário uma singular forma de pensar a religião. Foi, no entanto, crítico da Igreja Católica e de qualquer forma de organização política que usa a força, o militarismo, o racismo, a guerra, a lei como manifestações do autoritarismo. Tolstoi via na figura de Jesus um humanista. Não o Jesus Cristo da Igreja, mas o Jesus homem, líder e mártir que lutou por seus ideais.
Sua proposta é de um anarquismo conseqüente, como dizia, onde a sociedade só pode se concretizar por meio do desenvolvimento de um foro íntimo que leve a uma vida fraterna. Como fez Rousseau, o escritor russo defende o lema: “retornai à natureza, à mãe terra”. Assim, quanto mais sentimentos puros e quanto maior forem os laços entre os homens, melhor será a sociedade.
Tolstoi levou a sério a mensagem da Bíblia e considerou que o verdadeiro cristão precisa se opor ao Estado. Com esta leitura da Bíblia, Tolstoi (1998) chegou a conclusões anarquistas:
“governar significa usar a força, e usar a força significa fazer para os outros o que certamente não gostaríamos que fosse feito para nós. Conseqüentemente, governar significa fazer aos outros o que não gostaríamos que os outros fizessem para nós, isto é, fazer o mal”. Um verdadeiro cristão deve ser avesso a governar os outros. A partir dessa posição anti-estatista ele naturalmente passou a defender uma sociedade auto-organizada: “Porque pensar que pessoas comuns não são capazes de auto-organizar suas vidas, e que governantes o farão não em proveito próprio, mas em proveito dos outros?”.

Tolstoi proclamava ação não-violenta contra a opressão, e via a transformação espiritual dos indivíduos como a chave para a criação de uma sociedade anarquista.
A partir de sua oposição à violência, Tolstoi rejeita tanto o Estado como a propriedade privada e defende táticas pacifistas para dar um fim à violência e gerar uma sociedade justa. Em suas idéias sobre uma sociedade livre, Tolstoi foi claramente influenciado pela vida rural russa e pelas obras de Peter Kropotkin, de J. P. Proudhon.
De forma geral, os anarquistas sempre foram fortemente anti-religiosos e anticlericais, porque viam nas Igrejas o poder de reprimir a dissidência e a luta de classes e de se aliarem aos poderes de Estado. Dessa forma, quase todos anarquistas eram ateístas (e concordavam com Bakunin que se Deus existisse seria necessário, para a liberdade e dignidade humana, aboli-lo). No entanto, existe uma tradição minoritária dentro do anarquismo que desvincula conclusões anarquistas da religião. Muitos anarquistas concordam com os tolstoyanos no que se refere à necessidade de uma transformação dos valores individuais como o aspecto chave para a criação de uma sociedade anarquista, e da importância da não-violência enquanto tática geral.(...)

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