quarta-feira, 17 de outubro de 2007











DUAS OBRAS DA
LITERATURA MARGINAL:
"QUARTO DE DESPEJO"
E "CIDADE DE DEUS"


"CAROLINA MARIA DE JESUS"
,AUTORA DO LIVRO "QUARTO DE DESPEJO",morava em uma favela, era negra, catadora de papel e mantinha um diário. Descoberta por um repórter, que editou e publicou seus diários no começo da década de 60, ela virou uma celebridade. O livro foi traduzido em diversas línguas (minhas duas edições dizem que foi o maior best-seller brasileiro de todos os tempos) e ela viajou o mundo. Carolina, entretanto, tinha a língua afiada, desagradou a esquerda e a direita, acabou sendo esquecida e morreu na pobreza.
Segundo alguns artigos que li sobre ela, Carolina de Jesus até hoje é um figura incômoda para a elite brasileira, revela sem disfarces nossos preconceitos e injustiça social e, por isso, foi relegada ao segundo plano das letras nacionais. Pode bem ser. Eu sou da elite (acho que sou o único brasileiro que admite que é da elite), me incomodei com o livro e nunca teria ouvido falar dela se não fosse leitura obrigatória pra uma de minhas aulas.Mas foi um tipo bem específico de incômodo, moldado pela forma da minha leitura.(...)http://www.sobresites.com/alexcastro/artigos/quartodedespejo.htm
(...)Em 1958 aparece a primeira reportagem sobre seu diário no jornal Folha da Noite. No ano seguinte, é a vez da revista O Cruzeiro de divulgar o retrato da favela feito por Carolina. Era o aceno do sucesso e da popularidade. O abraço viria em seguida, a partir de 1960.
Publicado pela Livraria Francisco Alves, Quarto de Despejo teve a sua primeira edição de dez mil exemplares esgotada na primeira semana do lançamento. Nove edições foram feitas no Brasil, sem contar a edição de bolso de 1976, um ano antes da morte da autora. O livro foi traduzido para treze línguas e circulou em quarenta países. Carolina Maria de Jesus, a favelada-escritora, passou a ser assunto constante de jornais e revistas nacionais e internacionais, com amplas reportagens em Life, Paris Match, Epoca, Réalité e Time. Esta última compara os oitenta mil exemplares vendidos do livro ao sucesso comercial de Lolita, de Nobokov.(...)
"PAULO LINS",AUTOR DO LIVRO"CIDADE DE DEUS"
Neste seu romance de estréia, Paulo Lins faz um painel das transformações sociais pelas quais passou o conjunto habitacional Cidade de Deus: da pequena criminalidade dos anos 60 à situação de violência generalizada e de domínio do tráfico de drogas dos anos 90. Para redefinir a situação do lugar onde cresceu, Lins usa o termo "neofavela", em oposição à favela antiga, aquela das rodas de samba e da malandragem romântica.
O livro se baseia em fatos reais. Grande parte do material utilizado para escrevê-lo foi coletado durante os oito anos (entre 1986 e 1993) em que o autor trabalhou como assessor de pesquisas antropológicas sobre a criminalidade e as classes populares do Rio de Janeiro.
Cidade de Deus foi saudado como uma das maiores obras da literatura brasileira contemporânea. Um dos principais críticos do país, Roberto Schwarz observou a capacidade do autor de transpor para a literatura uma situação social deteriorada, aliando em sua narrativa a agilidade da ação cinematográfica e o lirismo da poesia. Segundo Schwarz, »o interesse explosivo do assunto, o tamanho da empresa, a sua dificuldade, o ponto de vista interno e diferente, tudo contribuiu para a aventura artística fora do comum«. (informação da editora)
http://novacultura.de/0305paulolins.html

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