sexta-feira, 19 de outubro de 2007









A FILOSOFIA


DE MILTON SANTOS


NOSSO GRANDE GEÓGRAFO(BAHIA-1926-2001)


“Centros urbanos modernos não destroem a experiência humana. O que a destrói é a civilização que adotamos”


"A geografia brasileira seria outra se todos os brasileiros fossem verdadeiros cidadãos. O volume e a velocidade das migrações seriam menores. As pessoas valem pouco onde estão e saem correndo em busca do valor que não têm".


"Não estou do lado nem da esquerda (política) nem da direita. Estou do lado das idéias".


"O fato de eu ser negro e a exclusão correspondente acabam por me conduzir à condição de permanente vigília"


"Não sou militante de coisa nenhuma. Essa idéia de intelectual, apreendida com Sartre, de uma independência total, distanciou-me de toda a forma de militância"


"A cultura oficial brasileira (...) nutriu-se de uma visão vesga do mundo."


"Havia um autoritarismo explícito que convocava à oposição da inteligência, mas hoje há um autoritarismo encapuzado, mais eficaz, porque nasce niilista e termina niilista"


"O debate atual do Brasil é esse: não dá para dar as costas à globalização, só que ela está sendo descrita de maneira incorreta"



Um filósofo da geografia

POR AZIZ AB'SABER


Milton Santos foi um filósofo da geografia. Foi um intelectual comprometido com a sociedade e com os excluídos. Um cidadão que reuniu o conhecimento do mundo do seu tempo para pensar as necessidades do Brasil.
Eu digo isso com sinceridade porque o conheci quando ele veio da Bahia como advogado e professor secundário de geografia. Tivemos uma longa convivência.
Ele fez toda a sua trajetória dentro das universidades. Primeiro, na PUC de Salvador, depois na Universidade Federal da Bahia e, depois de 1964, no exílio. Vivendo em condições sofridas, Milton se retirou para a França.
Lá, ele teve a idéia de buscar um estudo seu sobre o centro urbano de Salvador e transformá-lo em uma tese de altíssimo nível. Aí começou a sua carreira internacional, recebendo o espaço que havia sido negado no Brasil.
Uma vez, Milton nos disse que inspirava o seu comportamento no ideário de Jean-Paul Sartre: o intelectual tem que conservar toda a independência imaginável.
Milton foi assim. A sua militância não era a da politica partidária, mas no campo das idéias. Por isso, ele se diferenciou dos demais. Tinha uma energia permanente e se desdobrava em brigas do cotidiano pelas idéias originais.
AZIZ NACIB AB'SABER, 76, geógrafo, é professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP.

AMIGA "GILDA" ENVIA
TEXTO RELATIVO A
ESTE TEMA:(18/10/07)
“Em todas as grandes cidades [...] podemos ver uma multidão de pessoas [...] que sobrevivem graças a pequenos ganhos ocasionais. É espantoso ver as ocupações a que esta população supérflua recorre. [...] A grande maioria dos desempregados torna-se vendedores ambulantes. [...] Fitas, rendas, galões, frutas, bolo, em resumo, todos os artigos imagináveis são oferecidos por homens, mulheres, crianças [...]. Fósforos e outras coisas deste gênero [...] constituem também artigos de venda. Outros ainda circulam pelas ruas tentando encontrar alguns trabalhos ocasionais.Que resta a estas pessoas, quando não encontram trabalho e não querem se revoltar contra a sociedade, senão mendigar? Não nos espantamos ao ver esta multidão de mendigos, com quem a polícia sempre tem contas a ajustar e que, na sua maior parte, são homens em condições de trabalhar. [...] às vezes erram, em companhia da família, cantando lamúrias na rua ou apelando para a caridade dos transeuntes com algum pequeno discurso. [...] Ou então toda a família se instala silenciosamente na calçada de uma rua animada, e deixa, sem dizer nada, que o seu aspecto indigente por si só produza efeitos”.
ENGELS, F. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra.Texto escrito há mais de 160 anos.(NETTO, José Paulo. Desigualdade, pobreza e Serviço Social. In: Em pauta: teoria social e realidade contemporânea. n. 19. Rio de Janeiro: UERJ, 2007)

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