quinta-feira, 6 de março de 2008

Movimentos

feministas

preparam atos por

"igualdade,

autonomia

e soberania popular"


Expectativa é que mobilização em São Paulo reúna 5 mil; Conlutas fará atividade em separado

06/03/2008
Dafne Melo
da Redação

O tema central do ato unificado do Dia Internacional da Mulher será “Mulheres feministas anticapitalistas em luta por igualdade, autonomia e soberania popular”. Participam da manifestação todas as entidades que integraram o ato de 2007 - quando a cidade de São Paulo recebeu a visita do presidente estadunidense George W. Bush -, com exceção da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), que está chamando outro ato (Leia reportagem).
O ato unificado se reunirá às 11h, na Praça Ramos – em frente ao Teatro Municipal - e participam de sua organização a Marcha Mundial de Mulheres, a Intersindical, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Sempreviva Organização Feminista (SOF) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), dentre outras. O site da Marcha Mundial das Mulheres divulga onde vão ocorrer mais mobilizações (
veja aqui).
Nalu Faria, integrante da Marcha Mundial de Mulheres explica que os temas centrais da luta feminista que estarão em pauta serão: valorização do salário mínimo, contra a retirada de direitos dos trabalhadores, soberania alimentar e popular, descriminalização do aborto, reforma agrária e combate à violência contra as mulheres. Este último é um tema considerado “fundamental” pela organização na marcha, uma vez que o ato exigirá do governador José Serra (PSDB) a assinatura do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, proposto pelo Governo Federal, por meio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. “Serra não assinou e não demonstra vontade política de fazê-lo”, aponta Nalu.
Os atos no dia 8, aponta Nalu, são essenciais para reafirmar a data como um dia de luta feminista.
“(O dia 8) é elemento de memória viva e permanente de luta das mulheres. Elas não começaram a lutar há pouco tempo. Esse dia nos remete à resistência das mulheres operárias e socialistas”. Lourdes Vicente, do setor de gênero do MST, conta que o movimento tirou a definição de transformar toda a semana do dia 8 em uma jornada de lutas. Dia 5, mulheres da Via Campesina ocuparam uma área ilegal da Stora Enzo no Rio Grande do Sul (ver matéria).
“Somos contra a as transnacionais e sua ação danosa para a reforma agrária. Hoje, elas são a maior ameaça às mulheres que vivem no campo. Nosso objetivo e fazer com que a sociedade tenha conhecimento das injustiças e ilegalidades que elas provocam”, explica Lourdes que enxerga na ação a união da luta feminista com a da reforma agrária.
Para Nalu, a luta das mulheres para combater o machismo e por transformações sociais são complementares: “Temos consciência de que não vamos mudar a vida das mulheres se não mudarmos a sociedade, mas a sociedade também não muda se não lutarmos para mudar seus elementos estruturantes e um deles é a opressão das mulheres”, conta.
Balanço
No último ano, duas grandes pautas específicas do movimento feminista estiveram em evidência: a violência doméstica e a questão do aborto. Com a visita do papa Bento XVI e as declarações pró aborto do ministro da Saúde José Gomes Temporão, o debate sobre o tema se acirrou. Neste ano, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresenta como tema da campanha da fraternidade “Escolhe, pois, a vida”, que promete esquentar ainda mais o debate.
Nalu Faria avalia que sem dúvida há uma maior articulação das organizações a favor e contra, reflexo da polarização da discussão. “Temos que ampliar o debate, pressionar o governo para enviar o projeto de lei de discriminalização para o Congresso e buscar maior unidade e organização, inclusive de pessoas que não têm vinculação direta com a causa feminista, mas simpatizam com a causa pró aborto”, aponta.
Para a integrante da MMM essa unidade será essencial para fazer frente à ofensiva reacionária. “Mesmo as nossas companheiras na Europa têm reclamado da onda conservadora, ou seja, é algo mundial”, finaliza.
Quanto à violência doméstica, Nalu avalia que a aprovação da Lei Maria da Penha foi importante, mas ainda há muito o que conquistar, como forçar municípios e Estados a aderir ao Pacto de Não Violência. Ao seu ver, essa é um dos temas mais difíceis da luta feminista, uma vez que a violência contra a mulher é resultado das relações de opressão que existem na sociedade. “Como ela é um resultado de um processo é difícil atuar nela, pois temos que bater de frente, na realidade, com a raiz das relações de opressão”, finaliza.


http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/movimentos-feministas-preparam-atos-por-igualdade-autonomia-e-soberania-popular

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