Caso Daniel Dantas:
exemplo da falência
da dominação burguesa
e do Estado no Brasil
ÀS RUAS! ÀS RUAS! ÀS RUAS!
Publicado em 13.07.2008
por Conselho Editorial
O caso do banqueiro Daniel Dantas, que vem escandalizando o noticiário político do país, é apenas mais um exemplo e uma confirmação total do esgotamento da dominação burguesa no Brasil.
Após a retirada dos militares, vieram diversos governos civis, Sarney, Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula. O governo deste último, sobretudo, aparecia como uma possível alternativa de transformação para amplos setores da juventude e dos trabalhadores.
Ora, desde agosto de 2005, com os escândalos do mensalão, quando ficou claro que os deputados da base do governo Lula recebiam propinas mensais de cerca de 50.000 reais para votar com o governo, se manifestou a falência total do “novo” regime. O “governo dos trabalhadores” nada de novo apresentava, mas sim, a continuidade de uma dominação burguesa decadente e corrupta.
Os escândalos se sucederam: malas de dinheiro; Severino presidente da Câmara obrigado a renunciar por corrupção; renúncia do presidente do Senado, Renan Calheiros, por motivos similares; antes, cassação do mandato de José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil e homem mais forte do governo Lula, acusado de chefiar a quadrilha do mensalão; acusações graves pesaram sobre o ex-presidente da Câmara dos Deputados, João Cunha, etc, etc, etc...
Diante da fragilidade da oposição burguesa e da passividade da oposição de “esquerda”, assim mesmo, Lula foi reeleito em 2006, como o único governo semi-bonapartista que poderia equilibrar a luta interburguesa e a luta de classes no Brasil.
Hoje, a explosão desse novo escândalo do banqueiro Daniel Dantas, como que “costura” todos os personagens do drama.
Os fatos recentes revelados demonstram que Daniel Dantas era uma peça chave desde, pelo menos, o governo Fernando Henrique, no financiamento de campanhas. Teria sido fundamental em todo o processo de desvio de dinheiro público em consonância com o publicitário Marcos Valério, desde o governo do PSDB. Revelou-se que possui vínculos com setores do “malufismo”, ao ficarem evidentes as suas ligações com Celso Pita, ex-prefeito de São Paulo vinculado a Paulo Maluf. Mas, o que é pior: descobriu-se que um dos advogados do banqueiro Daniel Dantas é, nada mais e nada menos, do que Luiz Eduardo Greenghald, um dos principais quadros do PT.
Pior ainda: foram reveladas gravações recentes, nas quais Greenghald conversa com o atual assessor especial da presidência da república, Gilberto Carvalho, e nas conversas pede que se tomem providências contra o delegado que está investigando o banqueiro Dantas. Este banqueiro seria peça chave em todo o esquema do “mensalão” que viria, pelo menos desde o governo FHC, transitando por caminhos malufistas, assim como, por percursos do PSDB e ações petistas. Entre outros “peixes” descobertos na rede de Daniel Dantas estaria Mangabeira Unger, ministro extraordinário de assuntos estratégicos do governo Lula. Unger há alguns anos era funcionário contratado de Daniel Dantas.
Com se vê, podemos perguntar: Malufismo, PSDB, PT e outros seriam variantes da mesma moeda? Isso indicam as revelações recentes.
Diante dessas revelações, tudo isso mostra a unidade relativa, a continuidade e certamente a disputa interburguesa entre malufismo (Nahas, Pita), PSDB (esquema montado no governo FHC), PT (Greenhald, Gilberto Carvalho, José Dirceu) e setores opositores, talvez vinculados a Gushiken, ex-ministro de Lula, hoje trabalhando para a Vale do Rio Doce. Mas, no final, eles se entendem de alguma forma.
Como se viu, Daniel Dantas, após duas prisões sucessivas ordenadas por mandatos de juiz federal foi liberado pelo Supremo Tribunal Federal, mesmo após ficar comprovado que tentou subornar, com um milhão de dólares, um dos delegados que investigava o caso. Grande número de juízes federais assinaram manifesto contra a libertação de Dantas e, da mesma forma, se manifestou a associação de delegados. Mas, provavelmente, tais protestos cairão no vazio.
Todos esses fatos mostram, acima de tudo, a falência e as contradições que assolam todos os poderes no Estado Brasileiro. Quais são os interesses em jogo? Por que a polícia federal, apesar de controlada pelo Ministro da Justiça, Tarso Genro, levou adiante tal investigação? Por que o Supremo Tribunal Federal procura proteger Daniel Dantas?
A impressão que se manifesta, de forma evidente, seria a de que grandes somas de dinheiro estão em jogo. Setores do capital estão em luta, uns aos outros tentando se expropriar. A grande maioria da sociedade brasileira e, particularmente, os trabalhadores, nada sabem, mas, em geral, são estes que pagam a maior parte da conta.
E Lula? Como sempre, exercendo o seu papel semi-bonapartista, aparece ausente do conflito. O presidente simula que, como a maioria da sociedade, nada sabe. Talvez seria interessante que o presidente perguntasse algo ao seu assessor especial, Gilberto Carvalho, ou ainda ao seu velho amigo Greenghald, advogado do banqueiro Daniel Dantas.
Diante da falência contraditória do Estado burguês brasileiro, mais do que nunca, os trabalhadores e a juventude precisam se organizar de forma independente e não confiar mais nos poderes existentes. Diante das instituições burguesas apodrecidas no Brasil, uma avenida se abre: às ruas, às ruas, às ruas!
CONSTRUIR UM NOVO PARTIDO!
CONSTRUIR UMA NOVA SOCIEDADE!
http://www.transicao.org/noticia.php?id=891
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