quarta-feira, 23 de julho de 2008


Incêndio Criminoso

destrói aldeia

indígena Guarani

na Praia de

Camboinhas

em Niterói



Numa atitude covarde, criminosos destruíram, no último dia 18, a aldeia Guarani instalada desde abril na praia de Camboinhas, endereço nobre na região oceânica de Niterói, na Grande Rio de Janeiro. O incêndio ocorreu no momento em que os homens do grupo participavam de uma reunião em outro ponto do bairro. Somente mulheres, crianças e um índio estavam na aldeia. O fogo deixou ferido o indígena Joaquim Karaí Benite, de 43 anos, que teve queimaduras de segundo grau nas costas e no braço esquerdo. De acordo com a Polícia Civil, o incêndio foi criminoso. Lídia Nunes, de 67 anos, espécie de líder do grupo, ouviu quando um homem gritou: "Olha os índios pegando fogo!". Segundo Lídia, ele correu em direção ao canal que divide as praias de Camboinhas e Itaipu. Quando o fogo começou, havia muitas crianças no local. As índias correram para tirar três bebês, um de 11 meses, um de 1 ano e outro de 1 ano e 3 meses de uma das ocas.

Em todo o Brasil, os indígenas se organizam para retomada de seus territórios tradicinais com base em seus direitos originários, no artigo 231 da constituição federal e na declaração dos diretos dos povos indígenas assinada pelas Nações Unidas em 2007. Segundo declaração de Márcio Meira, presidente da FUNAI, a população indígena tem crescido nos últimos anos, isso demonstra que as pessoas estão perdendo o medo de se declararem como indígenas e assumindo a sua origem ancestral. As elites brasileiras temem que o povo assuma sua origem indígena, e busquem conhecer mais sobre a espiritualidade e sobre as categorias da cosmovisão dos povos nativos, já que tais modos de ver e lidar com a realidade colocam a civilização do consumo e descarte em xeque.

Por isso, segue a guerra simbólica nos meios de comunicação de massa e demais aparelhos ideológicos do estado no intuito de conservar a visão romântica do "índio" no ideário da sociedade, reforçando estereótipos preconceituosos. A homogenização da identidade nacional é um recurso de dominação cultural usado pelas elites desde o tempo da Colônia e do Império, vide a menção aos indígenas na lei das Sesmarias e lei das terras de 1850. O incêndio da aldeia Guarani em Camobinhas, as declarações absurdas do Governador José Roberto Arruda em relação ao Santuário dos Pajes, o caso da demarcação da Raposa Serra do Sol, o caso da expulsão da Comunidade Guarani de Eldorado-RS da porta da FEPAGRO, e muitos outros casos recentes são exemplos de intolerância dos poderes institucionais e da elite brasileira. A restência que já completa mais de 500 anos segue!


http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/07/424928.shtml

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